Ajuda-me a existir
Oh inexistente pela qual existoOh pressentida que me pressente
Sonhada que me sonha
Aparecida desvanecida
Vem via ascende desperta
Rompe diques avança
Moita de brancuras
Maré de armas brancas
Mar sem freio galopando na noite
Estrela guiada
Esplendor que te cravas no peito
(Canta ferida fecha-te boca)
Aparece
Folha em branco tatuada de outono
Formoso astro de ondulados movimentos de tigreVagaroso relâmpago
Fincada águia estremecida
Cai pluma flecha engalanada cai
Faz soar a hora do encontro
Relógio de sangue
Pedra-de-toque desta vida Octavio Paz. Antologia Poética. Publicações Dom Quixote. Lisboa, 1984., p.42
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