O nome dos nomes conseguido
Se, por ti, criei um mundo para ti,
deus, tu tinhas que a ele vir, sem dúvida,
e tu vieste a ele e a mim,
porque o meu mundo era a minha esperança.
Eu acumulei a minha esperança
em língua, em nome falado, em nome escrito;
a tudo eu tinha dado nome
e tu tomaste o lugar
de todos esses nomes.
Agora posso deter já meu movimento,
como a chama se detém em brasa rubra
com um esplendor de inflamado ar azul,
na brasa do meu perpétuo estar e ser;
agora sou já o meu mar paralisado,
o mar em que eu falava, mas não duro,
paralisado em ondas de consciência em luz
e todas vivas, voltadas para cima, para cima.
Todos os nomes que dei
ao universo que por ti eu me recriava
estão a converter-se em um só e em um
deus.
O deus que é sempre ao fim,
o deus criado e recriado e recriado
por graça e sem esforço.
O Deus. O nome dos nomes conseguido.
Juan Ramón Jimenez. Antologia Poética. Selecção e Trad. de José Bento. Relógio D'Água, 1992, p. 166/7
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário