REQUIEM
Quando todos os séculos regressam,
anoitecendo, à sua beleza,
sobe ao âmbito universal
a funda unidade terrena.
Então a nossa vida alcança
a alta razão de sua existência:
todos somos reis iguais
na terra, rainha completa.
Vemos-lhe as têmporas infindas,
escutamos-lhe a voz imensa,
sentimo-nos acumulados
pelas suas mãos verdadeiras.
Seu mar total é o nosso sangue,
a nossa carne é a sua pedra,
respiramos o seu ar uno,
seu fogo único incendeia-nos.
Ela está com todos nós,
todos nós estamos com ela;
ela é bastante para dar-nos
a todos a substância eterna.
E tocamos o zénite último
com a luz de nossas cabeças
e detemo-nos todos certos
de estar no que nunca se deixa.
Juan Ramón Jimenez. Antologia Poética. Selecção e Trad. de José Bento. Relógio D'Água, 1992, p. 153
terça-feira, 3 de agosto de 2010
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