quinta-feira, 3 de junho de 2010

144

Ao lado do meu corpo morto,
minha obra viva.
O dia
de minha vida completa
no nada e no todo
(a flor fechada com a flor aberta);
o dia da alegria de partir,
pela alegria de ficar
(de ficar para partir); o dia
do dormir saboroso, sabendo-o, para sempre,
inefável sono maternal
da casca inútil e do botão seco,
junto ao eterno fruto
e à mariposa infinda!



Juan Ramón Jimenez. Antologia Poética. Selecção e Trad. de José Bento. Relógio D'Água, 1992, p. 127

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