A morte é uma nossa mãe antiga,
nossa primeira mãe, e que nos ama
através das outras mães, século a século,
e nunca, nunca nos esquece;
mãe que vai, imortal, entesourando
- para cada um de nós somente -
o coração de cada mãe já morta;
que está mais perto de nós,
quantas mais mães nossas morrerem;
para quem cada mãe apenas é
uma arca de carinho a ser roubada
- para cada um de nós somente -;
mãe que nos espera,
qual mãe final, com um abraço imensamente aberto,
que há-de cerrar-se um dia, breve e duro,
sobre as nossas costas, para sempre.
Juan Ramón Jimenez. Antologia Poética. Selecção e Trad. de José Bento. Relógio D'Água, 1992, p. 119/20
segunda-feira, 31 de maio de 2010
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