Munido desta chave [...] pode abrir lentamente todas as fechaduras da minha expressão. Sabe que, como poeta, sinto; que, como poeta dramático, sinto despegando-me de mim; que, como dramático (sem poeta), transmudo automaticamente o que sinto para uma expressão alheia ao que senti, construindo na emoção uma pessoa inexistente que a sentisse verdadeiramente, e por isso sentisse, em derivação, outras emoções que eu, puramente eu, me esqueci de sentir.
Fernando Pessoa, Páginas de Doutrina Estética, Lisboa, s/d, p. 226/227
Fernando Pessoa, Páginas de Doutrina Estética, Lisboa, s/d, p. 226/227
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