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Aquela falsa e triste semelhança
Entre quem julgo ser e quem eu sou.
Sou a máscara que volve a ser criança,
Mas reconheço, adulto, aonde estou,
Isto não é o Carnaval, nem eu.
Tenho vontade de dormir, e ando.
O que passa, ondeando, em torno meu,
Passa
Dormir, despir-me deste mundo ultraje,
Como quem despe um dominó roubado.
Despir a alma postiça como a um traje.
Tenho máscara carnal do meu destino.
Quase me cansa me cansar. E vou,
Anónimo, menino,
Por meu ser fora à busca de quem sou
Álvaro de Campos in Fernando Pessoa. Poesia de Álvaro de Campos Vol. I. Colecção dirigida por Vasco Graça Moura. Planeta DeAgostini, Lisboa, 2002., pp.33/4
quinta-feira, 22 de abril de 2010
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