Palmeiras!
e contra a crepitante casa tantas lanças de chama!
...As vozes eram um ruído luminoso e sotavento...O barco
de meu pai, diligente, conduzia grandes figuras brancas: talvez,
em suma, Anjos despenteados; ou talvez homens sadios, vestidos
de belo pano, capacetes de sabugueiro ( e assim meu pai, que foi
nobre e decente).
...Pois de manhã, pelos campos pálidos da Água nua, ao
longo do Oeste,vi andarem Príncipes e seus Genros, homens de
alta estirpe, bem vestidos e calados, que o mar antes do meio-dia é
um Domingo em que o sono tomou o corpo de um Deus,
dobrando as pernas.
E tochas ao meio-dia, se ergueram para minhas fugas,
E creio que Arcos, Salas de ébano e zinco iluminaram-se
todas as noites ao sonho dos vulcões,
na hora em que juntavam nossas mãos diante o ídolo em
traje de gala.
Palmeiras! e a doçura
de velhice nas raízes...! Os ventos alísios, os pombos trocazes
e a gata parda
esburacavam a amarga folhagem verde onde, na crueza de uma
noite com perfume de Dilúvio
as luas rosas e verdes inclinavam-se qual mangas.
...Já os tios falavam baixo a minha mãe. Haviam amarrado
seu cavalo à porta. E a casa durava, sob as árvores de plumas.
Saint-John Perse
in Obra Poética
Editora Opera Mundi, Rio de Janeiro, 1973
Trad. Darcy Damasceno
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