domingo, 8 de maio de 2022

 

ir para o brejo
malograr-sefracassar

devanear

«Quem mais ordena não é quem mais pode, quem mais pode não é quem mais parece.»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 125

três cavaleiros do apocalipse

 « Tudo isto são males, e grandes males. Diríamos, para usar a linguagem do padre Agamedes, que são os três cavaleiros do apocalipse, cujos eram quatro, e, começando a contar, mesmo pelos dedos para quem não souber melhor, temos o primeiro que é a guerra, o segundo que é a peste, o terceiro que é a fome, e agora sempre chegou o quarto, que é o das feras da terra.»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 121

«Desgraça infinita, desgosto sem consolação (...)»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 123/4

What Ever Happened to Baby Jane? (1962) Official Trailer - Bette Davis M...

Zorba the Greek (1964)
 

 «Cada presente é único. Nenhum presente se repete.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 118

 «Morreu sentado na poltrona, olhando para a figueira do fundo, ao entardecer.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 105

''jeito de ave''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 180

essoutro

Fausto* - "Não canto porque sonho" do album "P'ró que der e vier" (LP 1974)


                                                                  Stolen Kisses, 1968

símile

 

verbo pronominal
1.
elevar-se ou fugir, voando
2.
esvaecer-sevolatilizar-seevaporar-se

''ditos de espírito''

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 153

minudências

«Era um passeio calmo, lento, meditativo, que a proximidade do cemitério não chegava a entristecer.»

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 148

Laus Deo

 

nome feminino
1.
ato ou efeito de exautorar, de retirar a autoridade ou o poder que haviam sido conferidos a
2.
destituição de cargo, posto, etc.exoneração
3.
diminuição de valor, prestígio, etc.depreciação

'' o verdete do ódio nos corações''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 141


Joan Crawford and Bette Davis, 1962

 

'' As Sem-razões da Razão''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 132

''autoludíbrio ''

 «Repito, Luís Silvério: prestas-te demais ao jogo!

Tomas demasiado a sério o teu papel...»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 121

« Um vidrado como de lágrimas coaguladas o parecia agora embaçar, como a certos olhos de cegos, e eu duvidei que ele ainda me visse.»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 119

« Todas as suas hipóteses são mais ou menos aceitáveis, porque todas falíveis.»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 114

'' a frieza mais ofensiva que a paixão'' 

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 104

''inoportunidades''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 100

''ridículos preâmbulos''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 100


 

Justin Townes Earle - "Nothing's Gonna Change The Way You Feel About Me ...

domingo, 1 de maio de 2022

'' metáfora açougueira''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 121

'' o torrão estaria fresco do sangue de castelhanos''

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 121

 

nome feminino
1.
cárcere térreo ou subterrâneo, com pouca luz e insalubreenxova
2.
figurado compartimento mal arejado e sujo

« No geral, porém, dão de esporas a si próprios para parecerem felizes.»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 99

apajear


Rome, Open City (1945)


 

'' a roer a côdea''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 95

''mordem-lhe na alma''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 89

« - Filho - disse-me - , o que nos chega facilmente, facilmente se nos vai.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 103

«(...) uma face apavorada, cheia daquelas cicatrizes precoces que nela deixam as primeiras feridas da compreensão e da estranheza.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 98

« - É uma prenda - disse.
Abri-o. Era uma edição barata de Tonio Kroeger de Thomas Mann.
- Estive indecisa entre isso e um manual de boas maneiras - disse Gloria. - Mas acabei por decidir-me por isso, visto que cheguei à conclusão de que já não há forma de educar-te.
- É estranho que não me tenhas trazido um livro obsceno - disse eu.
- Não quero continuar a apodrecer-te a imaginação.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 91

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Cálice / Opinião - Elza Soares - A Voz e a Máquina

''edição antiquíssima, ressequida e amarelecida''

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 78
« - Infelizmente, toda a gente tem sentimentos - disse. - Portanto, toda a gente faz literatura.
- Conheço um tipo que não tem sentimentos e, no entanto, faz literatura - disse eu.
- Deve ser um bom escritor - opinou Tomatis.
- Escreve com a pila - disse eu. - Molha a pila no tinteiro e escreve.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 74/5

 « A única forma possível é a narração, porque a substância da consciência é o tempo.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 58

 « Há três coisas que têm realidades na literatura: a consciência, a linguagem e a forma.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 58

Elza Soares - Meu Guri



 


nome masculino
1.
exposição escrita e articulada daquilo que o autor intenta provar contra o réu
2.
o que envolve acusação de alguém

''incontinências verbais''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 97

«(...) de modo nenhum quero atraiçoar conscientemente a verdade.»

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 97

''luto colectivo''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 96

« Depois de velho ainda se vive muito tempo.»

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 95

 « Nunca o  meu amor foi cego: Conheci os homens e as suas fraquezas.»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 91


 

Tyler, The Creator - Live at Lollapalooza

''Por amor os poupei.''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 90

detrator

 ''(...) mas que só mais tarde chegarão a juízos amadurecidos sobre os homens, as obras, a vida.''

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 88

''retoricismo oco''

 José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 88

 '' intimamente comungarem com as massas no mesmo pathos sentimental''

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 87

correligionário

« Ainda não há muito que sobretudo os poetas tuberculizavam, ou se suicidavam, ou, de qualquer modo, feneciam na flor dos anos lastimando-se aniquilados, perdidos, prontos para o fim: talvez pelos desvarios da imaginação e dos sentidos, durante vidas curtas mas longas em peripécias devastadoras.»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 84

 «Perdoa-me todas as faltas de amizade que, de facto, houve na chamada da nossa amizade!»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 82/3

 «(...) limpidíssimas explicações mais convenientes ao seu amor-próprio.»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 82


Song to Song (2017)

 «Não é o sentimento de rivalidade que mais dificulta a amizade entre oficiais do mesmo ofício? mormente se o ofício é intelectual?»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 80

«Todo o literato mais ou menos falhado tem uma invencível necessidade de falar de si e da sua obra; até de dar nas vistas.»

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 76

A mim, o que me defende é a minha obscuridade.

 «Todos reconhecemos que os camaradas literatos nada merecem uns aos outros. A mim, o que me defende é a minha obscuridade.»


José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 76

A 2ª Senha da Revolução dos Cravos - "Grândola Vila Morena" de José Afon...

''Então foram dar com ele morto, ia já alto o sol desse dia maravilhoso.''

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 66

''o frio que dá uma impressão de cortante pureza''

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 66


 

não ir em loas
não ceder a lisonjas, não se deixar enganar

 '' na fria noite de Dezembro que a neve aquecera...''

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 66

Flower Boy

Tyler, The Creator

 ''caçadores de feras em florestas nocturnas''

José Régio. Há mais mundos. Círculo de Leitores, 1973., p. 62

terça-feira, 19 de abril de 2022

A Tua Presença


Eu já nada sinto
e afinal
eu gosto de não sentir nada
sozinho na calma das horas passadas
tão só numa outra quietude
num sossego tão so´ sossegado
e esquecido
eu me esqueça de mim
aos bocados
adormece-me um sono dormente
que aos poucos se apaga
um sonho qualquer
mas não me acordes
não mexas
não me embales sequer
eu quero estar mesmo como eu estou
quietamente
ausente
assim
a viagem que eu não vou
nunca chega até ao fim
é longe
longe
tão longe
que de repente tu chegas
tu brilhas e luzes
na cor das laranjas
tu coras e tinges
a mancha da marca
na alma da luz
da sombra que finges
e tu já não me largas
saudade
tu queres-me tanto
e se eu lembro
tu mexes comigo
tu andas cá dentro
à volta do meu coração
no meu pensamento
também
e por mais que eu não queira
tu queres-me bem
e desdobras os mundos em cores
e levas-me pela tua mão
cativando o meu corpo
a minha alma
a razão
só a tua presença
é que me inquieta
aquela outra ausência
dói
como um passado projecta
aquele futuro que se foi
p´ra longe
longe
tão longe
que nunca se acaba
esta inquietação
se evitas momentos
já quase finais
e ficas comigo
ainda e sempre
um pouco mais
tu nunca me deixas
saudade
tu nunca me deixas


Peter van Agtmael

'' os bares melancólicos de sujos mosaicos''

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 49

Para encurralar a lebre, tem de haver um
    ponto mais à frente a partir do qual
a lebre não possa avançar;
para que fique cansada, tem de haver um campo
   através do qual tenha corrido;
para que tenha de morrer, tem de haver um
   sítio, em campo aberto, ou numa gruta de ramos,
   onde possa encontrar a sua morte.

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 48

 «Pelas janelas do táxi via desfilar uma cidade escura, repleta de água.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 47

''negrume gélido''

 Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 41

 « Vi as estrelas movimentando-se e certa noite via a lua cheia de panteras e tigres desfeitos em pedaços e ensanguentado o céu inteiro em redor da lua.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 41

Arnold Schönberg - Violin Concerto op. 36 (1934-36)

''lama aguada''

 Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 30

 «(...), despia-me e sentava-me a fumar e a beber gim a pequenos goles. Deixava-me ficar ali até se começar a ver o primeiro lampejo de claridade diurna. Às vezes masturbava-me.»


Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 21


 The Godfather (1972)

 «Ouvi dizer que, tais coisas, Tomatis não as fazia por distracção, mas simplesmente por ser um filho da puta.»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 20

'' experimentava aguaceiros de sangue por detrás dos olhos''

 Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 19

« Vai-se ver e não está a pensar em nada: vai-se a ver e até as mamas desapareceram e agora não têm nada lá dentro, texturas somente, as paredes negras, áridas, corroídas pela ferrugem de velhas memórias e pensamentos, um negror  húmido, verde-escuro, sem quaisquer zonas iluminadas, nem o eco da luz pálida nem o do som brumoso que é o horizonte de ruído que rodeia o cone iluminado pelo candeeiro cuja luz se desdobra sobre a mesma de bilhar,(...)»

 Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 13

 «Também é possível que esteja a pensar que o cigarro lhe está a queimar a boca e que convém começar a resolver e a acumular saliva com a língua para arrefecer a boca (...)»

Juan José Saer. Cicatrizes. Traduzido do castelhano (Argentina) Pedro Miguel Mochila. Cavalo de Ferro, Lisboa, 2016., p. 13

segunda-feira, 18 de abril de 2022

'' as vergonhas da ignorância são as que mais custam a confessar''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 84

'' o salário não dá para comer''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 82

 «(...), é preciso que o homem se degrade para que não se respeite a si próprio nem aos seus próximos.»


José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 79

''gloriarem-se os sofredores do seu sofrimento''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 79

« O povo fez-se para viver sujo e esfomeado. Um povo que se lava é um povo que não trabalha, (...)»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 79


 Krzysztof Kieślowski

''as águas corriam como seda escura e rangideira''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 75

 «(...), sem defesa, aperta-se-nos o coração de tanta fragilidade.»


José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 74

''pensar condoídos''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 68

''gato varado''

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 67

 

nome feminino
1.
pau cilíndrico que serve para tirar o que fica acima das bordas de uma medida
2.
medida para cereais
3.
utensílio de marceneiro com que se tiram as rebarbas à madeira
4.
utensílio de gravador para polir o granulado das chapas
5.
figurado tudo o que desbasta, corta ou arrasa para nivelar, igualar ou destruir

'' Apetece morrer, e há quem morra.»

 José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 59

 «(...) chegando a hora de tirar os pés da leiva e ir à procura dos empedrados da civilização.»

José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 56

« Facilmente se vê que é uma conversa de pobres, entre uma mulher feita e um homem no princípio, e falam destas coisas de pouca substância e nenhum voo espiritual, (...)»


José Saramago. levantado do chão. 20ª Edição. p. 54

Fausto


e fomos pela água do rio
em busca daquela terra
e a maré foi de rosas pela boca
na calmaria tão grande
e a**im como fosse cansado
a água vai muito mansa
e o meu corpo suado
embalado
flutua e descansa
e vimos com os nossos olhos
que em maravilha se olharam
uma cor na água do rio
desvairada da outra
desvariada pelo tom
alucinada
pelo desvairo da cor
se uma era doce
e a outra salgada
em ondulante sabor
e a cor do ouro repousa
derramado na areia
e saborosa e tão quieta era a vista
pouco lavada dos ventos
são infindas as garças reais
em voos muito arabescos
que só do olhar tivemos
um doce e grande refresco
e em todo aquele rio era grande
a cópia de pescarias
de multidão de gatos-de-algália
papagaios e bugias
e surgem do denso arvoredo
incontáveis gentes pretas
de tão lindas mulheres
e de grande vergonha
tão ledas
e o perfume desta terra
é a doçura do seu fruto
o mistério do seu vulto
em selva de arvoredos
de palmares
laranjeiras
limoeiros e cidreiras
cristalinas
pelos ares
brilham as cores do arco celeste
de infinitas maneiras
de infinitas maneiras
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