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sábado, 26 de dezembro de 2015

''A opressão dos outros era um modo de te dizerem que existias. Que é que te existe por fim num corpo em farrapos? Que é que te resta para pensares que estás em ti? E é só por isso que te lembro meu irmão. Não sei se isso te ofende, mas é assim. (...) E num pouco de divindade que puder ser.''

Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra
''Mas nunca vos perguntais para quê, nunca vos perguntais o que isso quer dizer, nunca vos perguntais com que direito haveis de ser boi até ao fim da vida. Parai, ó estúpidos, suspendei um momento esse vosso trabalho animal e perguntai-vos se é essa a vossa vontade, se num instante da vossa tarefa cavalar é isso com que sonhais para vosso prazer. Porque é que não fazeis aquilo que quereis?''

Vergílio Ferreira, in Em Nome da Terra

Uma esplanada sobre o mar

sexta-feira, 10 de julho de 2015


HÉLIA CORREIA
in 'Montedemo', Lisboa, Ulmeiro, 1983

quarta-feira, 8 de julho de 2015

« - Parece-me que o teu filho se tornará um sonhador, Maria - exclamou um dia a minha mãe a vizinha Penélope - ; está sempre a olhar para as nuvens. - Não se inquiete, senhora Penélope - respondeu-lhe a mãe. - A vida obrigá-lo-á a olhar para baixo. - Mas a vida ainda não chegara e eu trepava nesse dia para o castelo, contemplava as nuvens, tropeçava e escorregava a cada passo. O pai agarrou-me pelo ombro, como se quisesse firmar-me. - Deixa as nuvens tranquilas e olha para as pedras, podes cair e matar-te.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 87
« - Olha - tornou a ordenar-me. Os meus olhos encheram-se de enforcados. - Enquanto viveres - disse-me -, ouve-me bem: enquanto viveres, que estes enforcados jamais desapareçam da tua memória. - Quem os matou? - A liberdade, bendita seja ela.
    Não compreendi. Olhava, olhava, de olhos franzidos, os três enforcados que se moviam lentamente entre as folhas amarelas do plátano.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 81
«Durante essas horas, creio que, se as coisas invisíveis pudessem tornar-se visíveis, eu teria visto amadurecer a minha alma. Bruscamente, da criança que era, senti que, no espaço de poucas horas, me transformei num homem.»


Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 79
«Que sejas bem-vinda, desgraça, se vens sós», costumamos dizer em Creta, porque na verdade é raro que uma desgraça venha só.»

Nikos Kazantzakis. Carta a Greco. Trad. Armando Pereira da Silva e Armando da Silva Carvalho. Editora Ulisseia, Lisboa, p. 77

«(...) as desgraças conseguiram corrigir-nos dos defeitos.»

Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 301

sábado, 9 de maio de 2015

sexta-feira, 24 de abril de 2015

« - Procuro descobrir se há uma outra por detrás de ti. Uma outra Clarisse, a verdadeira.
   -Mas por que não há-de ser esta a verdadeira?
   -É o que pergunto em certos momentos.

(...)

  Fui possuído pela sensação de que, na maioria das vezes, eu era para Clarisse um inimigo atento ao mínimo deslize que lhe pudesse trair os defeitos. Tinha de me defender contra isso, tanto como das armadilhas do seu humor instável. »



Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 172

quinta-feira, 23 de abril de 2015



«A minha convivência nos desatinos e excessos de Clarisse traduzia apenas a solidariedade que se deve a um ser humano desesperado. E, sobretudo, solitário no seu desespero.  Era este o disco entorpecente que fazia girar dentro do meu amor-próprio. E seria amor o que ela sentia?»



Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 145

«Talvez não seja inteiramente sincero ao dizer isto, pois, as mais das vezes, eu procurava muito mais interpretar-me, iludir as minhas acusações, do que ajudar Clarisse a libertar-se do pavor do dia seguinte. «Nada tenho dentro de mim a não ser o medo.» Ela bem o percebia, bem percebia o meu egoísmo. «Os homens são tão ciosos da sua invulnerabilidade! Tão estupidamente egoístas! (...)»



Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 144

''grandiloquências românticas''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 144

''nuns monossílabos acerbos que ele se dispensava de ouvir''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 143

''encurralava-me nas grades do meu mutismo''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 143

segunda-feira, 13 de abril de 2015

«Suspeitei algumas vezes que ela reconhecia, com irritada decepção, que talvez a minha dureza fosse um disfarce, que por debaixo desta crosta enfatuada sangrava a minha tímida adesão aos dramas que me rodeavam.»



Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 38/9

quinta-feira, 26 de março de 2015


«Havia sido, para Lúcia, um diálogo heróico. E esse heroísmo excedera-a. Lavei a cara e as mãos com água fria, acendi outro cigarro, observando-a recatadamente. Após aquele rubor de adolescente surpreendida numa audácia, a face de Lúcia tinha um tom embaciado, exausto e tristonho.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 26

«Uma rapariga desocupada, abúlica, quase um objecto, limitando-se a estar ali. Essa passividade de cão de guarda era enervante.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 23

''boca tímida e deslumbrada de uma criança''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 20
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