« - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.»
Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Livraria Chardron de Lello&Irmão - Editores, Porto, 1985., p. 254
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
«Diz que o homem tem «uma grande vantagem sobre o resto do universo: sabe que morre, ao passo que o universo ignora-o absolutamente». Vês? Logo, o homem que disputa o osso a um cão tem sobre este a grande vantagem de saber que tem fome; e é isto que torna grandiosa a luta, como eu dizia. «Sabe que morre» é uma expressão profunda; creio todavia que é mais profunda a minha expressão: sabe que tem fome.»
Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Livraria Chardron de Lello&Irmão - Editores, Porto, 1985., p. 235
«Ai dor! era-me preciso enterrar magnificamente os meus amores.»
«Eles lá iam, mar em fora, no espaço e no tempo, e eu ficava-me ali numa ponta da mesa, com os meus quarenta e tantos anos, tão vadios e tão vazios; ficava-me para os não ver nunca mais, porque ela poderia tornar e tornou, mas o eflúvio da manhã quem é que o pediu ao crepúsculo da tarde?»
Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Livraria Chardron de Lello&Irmão - Editores, Porto, 1985., p. 203
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
porque a dor que se dissimula dói mais
«Lá dentro, ela padecia, e não pouco - ou fosse a mágoa pura, ou só despeito; e porque a dor que se dissimula dói mais, é muito provável que Virgília padecesse em dobro do que realmente devia padecer. Creio que isto é metafísica.»
Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Livraria Chardron de Lello&Irmão - Editores, Porto, 1985., p. 98
domingo, 1 de janeiro de 2012
Virgília
«(...) Virgília deixou-se estar de pé; durante algum tempo ficámos a olhar um para o outro, sem articular palavra. Quem diria? De dois grandes namorados, de duas paixões sem freio, nada mais havia ali, vinte anos depois; havia apenas dois corações murchos, devastados pela vida e saciados dela, não sei se em igual dose, mas enfim saciados. Virgília tinha agora a beleza da velhice, um ar austero e maternal; estava menos magra do que quando a vi, pela última vez, numa festa de S. João, na Tijuca; e porque era das que resistem muito, só agora começavam os cabelos escuros a intercalar-se de alguns fios de prata.»
Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Livraria Chardron de Lello&Irmão - Editores, Porto, 1985., p. 20
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
“Este é o mundo em que vivemos, banal e delirante, mas onde se torna cada dia mais clara a
necessidade de despertar e cultivar o que há de humano no homem”
escreve-nos Ferreira Gullar (1989, p.15).
necessidade de despertar e cultivar o que há de humano no homem”
escreve-nos Ferreira Gullar (1989, p.15).
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