Nome
Gosto da fome
com que me come
E do desespero
com que me devora
E como no meu corpo
goza
do meu corpo
goza
com meu corpo
goza
Gosto da sua boca sôfrega
Perdida na minha
língua trôpega
Numa dança descompassada
Não diga que estou errada
que em sua direção
meu passo é curto
Se dou dois para trás
é porque já todos
meus sentidos consome
Vê:
meu surto
tem seu nome
Ao Sabor da Maré
sobe a maré
quase ilhada,
já sei:
nenhuma fuga seca
é possível
nenhum esboço de caminho
a cada passo
mais pesados
meus pés marcados
pelo afogamento temo,
mas sigo
Mato-me ou vivo?
Mar e Som
Do teu nome emergem
Mar e Som
Marulham nas águas
do meu corpo as ondas
da tua rebentação
Meus olhos mareados
encontram sempre a ressaca
dos teus transbordantes
– quando estamos em Alto-Mar
e tudo é infinito horizonte
de maresia e nossos ais
Teu nome
de Mar e Som
imerso imenso
em meu oceano de silêncio
e turbulências abissais
Renata de Castro
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