para aqueles cujo coração é o coração da terra e
do vento e do mar
e por isso são filhos da terra e do vento e do mar,
é este livro.
para os que regressam um dia e tudo se perdeu
enlouquecendo depois pelos caminhos do litoral e da
noite,
é este livro.
para eliot e pound, whitman e pessoa, shelley e
algumas gerações,
as belas malditas e perdidas gerações
é este o livro.
para cavalo louco e billy the kid,
vagabundos de sempre bêbedos ternos e
mestre desaparecidos,
cantores dos campos e tocadores antigos,
é este livro.
para ti filho do norte e do sul
de todos os silêncios de todas as casas de todas
as tardes,
irmão do fogo e da flor ardente,
companheiro de setembro e maio e dezembro,
é este livro.
para aqueles que vão sobre as ondas e no deserto e
no azul
perseguindo a nuvem e o sol e a ave,
derradeiros viajantes de muitas migrações,
é este livro,
daqui lisboa onde arde e morre o coração.
José Agostinho Baptista. Jeremias o louco. Centelha/Poesia. Coimbra, 1978., pp. 7-8
sábado, 1 de setembro de 2018
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