segunda-feira, 24 de março de 2014

SONETO PARA CESÁRIO

Se te encontrasse, agora, na paisagem 
nocturna dos fantasmas da cidade, 
contava-te dos nossos pobres versos 
no teu rasto de sombra e claridade. 

Contava-te do frio que há em medir
a distância entre as mãos e as estrelas,
com lágrimas de pedra nos sapatos
e um cansaço impossível de escondê-las.

Contava-te — sei lá! — desta rotina
de embalarmos a morte nas paredes,
de tecermos o destino nas valetas...

Duma história de luas e de esquinas,
com retratos e flores da madrugada
a boiarem na água das sarjetas.

- DINIS MACHADO
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