Que a tua boca amaldiçoe, companheiro,
as súplicas que o Céu negou.
Navalhas clandestinas furaram-me o dorso,
o desengano fez-me o monte de cacos
que nenhum santo recompôs!
Mas eu me erguerei dos meus pedaços,
nu e verdadeiro,
babado da espuma do meu ódio,
e gritarei a força do meu dia
e o vosso arrepia de medo!
Fernando Namora. As Frias Madrugadas. Publicações Europa-América, 4ª ed, Lisboa, 1971., p.85