«A antiga Comédia continua as suas afinações, e reparte os seis Idílios.
Avenidas de palcos.
Um longo dique em madeira, de uma ponta a outra de um campo pedregoso, onde a multidão incivilizada se passeia sob as árvores nuas.
Em corredores de gaze negra, seguindo o ritmo dos passeantes, ornados de lanternas e de folhas.
Aves dos mistérios descem a pique sobre um pontão de alvenaria movido pelo arquipélago atulhado pelas embarcações dos espectadores.
Cenas líricas acompanhadas a flauta e tambor debruçam-se em recantos arranjados sob os tectos, em redor dos salões de clubes modernos, ou das salas do antigo Oriente.
O maravilhoso manobra no topo de um anfiteatro coroado de sebes - ou se agita e sintoniza com os Beócios, à sombra do arvoredo que se mexe à esquina das culturas.
A ópera-cómica refracta-se sobre um palco no ponto de intersecção de dez separadores montados entre a geral e a rampa.»
Arthur Rimbaud. O Rapaz Raro. Iluminações e poemas. Tradução de Maria Gabriela Llansol. Relógio D' água, Lisboa, 1998., p. 117
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