«Não ter mais consciência de existir, igual a uma pedra, a uma planta; não recordar sequer o próprio nome; viver por viver, sem saber que se vive, como os animais, como as plantas; sem afectos, nem desejos, nem recordações, nem pensamentos; sem nada que desse sentido e valor à própria vida. Deitado ali na erva, com as mãos entrelaçadas debaixo da nuca, olhar no céu azul as brancas nuvens deslumbrantes, inchadas de sol; ouvir o vento que gerara nos castanheiros do bosque como que um fragor de mar, e na voz daquele vento e naquele fragor sentir, vinda de uma infinita distância, a vaidade de todas as coisas e o tédio angustioso da vida.
Nuvens e vento.»
Luigi Pirandello. Contos Escolhidos. Prefácio do Prof. Ricardo Averini. Selecção e tradução de Carmen Gonzalez. Editorial Verbo, Lisboa, 1972.,p. 127
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