quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ALCESTE


Não. Da jovem viúva a quem eu sinto amar,
Aos defeitos que tem, olhos não vou fechar.
E sou, por muito que ela em mim acenda o fogo,
O primeiro que os vê e que os condena logo.
Mas tenho um fraco, sim, faça eu o que fizer,
Tem artes de agradar-me, admito, essa mulher:
Por mais que seus senões eu veja e lhos aponte,
Ela se faz amar, maugrado os que eu lhe conte;
Mais forte é a sua graça e a minha chama mais
Lhe há-de purgar a alma dos vícios actuais.




Molière. O Misantropo. Vasco Graça Moura e Bertrand Editora, Lisboa, 2007., p. 41

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