Para René Char
Acorrentada
entre o ouro e o esquecimento:
a noite.
Ambos a desejaram.
A ambos se ofereceu.
Põe,
põe tu também ali o que
amanhecerá com os dias:
a palavra sobrevoada de estrelas,
submersa pelo mar.
A cada qual sua palavra.
A cada qual a palavra cantou para ele,
quando a matilha o atacou pelas costas -
A cada qual a palavra que cantou para ele, petrificando.
A ela, a noite,
sobrevoada de estrelas, submersas pelo mar,
a ela, ganha pelo silêncio,
a quem não gelou o sangue quando o dente venenoso
atravessou as sílabas.
(...)
Paul Celan. Sete Rosas Mais Tarde. Edição Bilingue. Antologia Poética, 3ª edição. Selecção, tradução e introdução de João Barrento e Y. K. Centeno. Edições Cotovia, 1996., p. 69
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