«Ides embora? Boa-noite. Não irei. Boa-noite.
Sairei mais tarde. Obrigada. Porque afinal
necessito de sair desta casa degradada,
ver um pouco a cidade - não, não a lua -,
a cidade de mãos calosas, a cidade do salário,
a cidade que jura em nome do pão e do seu punho,
a cidade que a todos nos sustenta no seu dorso,
com a nossa pequenez, os nosso vícios, os nossos
ódios,
as nossas ambições, a nossa ignorância, a nossa
velhice,
ouvir os grandes passos da cidade,
não mais ouvir os vossos passos ou os de Deus:
nem sequer os meus. Boa-noite.»
Yannis Ritsos. poemas. Selecção e Trad. de Egito Gonçalves. Prefácio de Carlos Porto. 1ª ed. Fevereiro, 1984. Editora Limiar., p.27/8
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