sábado, 20 de janeiro de 2024
''país paupérrimo''
https://www.dn.pt/opiniao/cavaco-e-a-sua-arte-de-nos-fazer-esquecer-como-governou-16980923.html/
quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
'' As coisas avançaram evidentemente, mas o fascismo está sempre a espreitar uma ocasião, um buraquinho, um sítio, um país, um ser humano. Está sempre ali para saltar em cima. Nós, portugueses e brasileiros, que já passamos por fascismos, sabemos que eles estão por aí. E, pior, agora estão por aí a olhar para nós com suásticas tatuadas nos braços.''
Entrevista, Maria Teresa Horta
Poetisa
King Crimson - Epitaph
Is cracking at the seams
Upon the instruments of death
The sunlight brightly gleams
With nightmares and with dreams
Will no one lay the laurel wreath
When silence drowns the screams
As I crawl a cracked and broken path
If we make it we can all sit back and laugh
But I fear tomorrow I'll be crying
Yes, I fear tomorrow I'll be crying
Yes, I fear tomorrow I'll be crying
The seeds of time were sown
And watered by the deeds of those
Who know and who are known
If no one sets the rules
The fate of all mankind I see
Is in the hands of fools
Is cracking at the seams
Upon the instruments of death
The sunlight brightly gleams
With nightmares and with dreams
Will no one lay the laurel wreath
When silence drowns the screams?
As I crawl a cracked and broken path
If we make it we can all sit back and laugh
But I fear tomorrow I'll be crying
Yes, I fear tomorrow I'll be crying
Yes, I fear tomorrow I'll be crying
Crying
Yes, I fear tomorrow I'll be crying
Yes, I fear tomorrow I'll be crying
Yes, I fear tomorrow I'll be crying
Crying
quarta-feira, 17 de janeiro de 2024
Exílio
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
Explicação do País de Abril
aís de Abril é o sítio do poema.
Não fica nos terraços da saudadenão fica nas longas terras. Fica exactamente aqui
tão perto que parece longe.
Tem pinheiros e mar tem rios
tem muita gente e muita solidão
dias de festa que são dias tristes às avessas
é rua e sonho é dolorosa intimidade.
Não procurem nos livros que não vem nos livros
País de Abril fica no ventre das manhãs
fica na mágoa de o sabermos tão presente
que nos torna doentes sua ausência.
País de Abril é muito mais que pura geografia
é muito mais que estradas pontes monumentos
viaja-se por dentro e tem caminhos veias
- os carris infinitos dos comboios da vida.
País de Abril é uma saudade de vindima
é terra e sonho e melodia de ser terra e sonho
território de fruta no pomar das veias
onde operários erguem as cidades do poema.
Não procurem na História que não vem na História.
País de Abril fica no sol interior das uvas
fica à distância de um só gesto os ventos dizem
que basta apenas estender a mão.
País de Abril tem gente que não sabe ler
os avisos secretos do poema.
Por isso é que o poema aprende a voz dos ventos
para falar aos homens do País de Abril.
Mais aprende que o mundo é do tamanho
que os homens queiram que o mundo tenha:
o tamanho que os ventos dão aos homens
quando sopram à noite no País de Abril.
Manuel Alegre
Abril de sim, Abril de Não
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
Manuel Alegre
Abril
Havia uma lua de prata e sangue
em cada mão.
Era Abril.
Havia um vento
que empurrava o nosso olhar
e um momento de água clara a escorrer
pelo rosto das mães cansadas.
Era Abril
que descia aos tropeções
pelas ladeiras da cidade.
Abril
tingindo de perfume os hospitais
e colando um verso branco em cada farda.
Era Abril
o mês imprescindível que trazia
um sonho de bagos de romã
e o ar
a saber a framboesas.
Abril
um mês de flores concretas
colocadas na espoleta do desejo
flores pesadas de seiva e cânticos azuis
um mês de flores
um mês.
Havia barcos a voltar
de parte nenhuma
em Abril
e homens que escavavam a terra
em busca da vertical.
Ardiam as palavras
Nesse mês
e foram vistos
dicionários a voar
e mulheres que se despiam abraçando
a pele das oliveiras.
Era Abril que veio e que partiu.
Abril
a deixar sementes prateadas
germinando longamente
no olhar dos meninos por haver.
José Fanha, Lisboa, Portugal
(Do livro "Tempo azul")
terça-feira, 16 de janeiro de 2024
Reconhece-se sem ascendência,
Alla Venezia trionfante
segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
prazer de não ser sono de ninguém
sob tantas pálpebras.
Noite feita de rosas. Noite feita de muitas, muitas
rosas claras, noite luminosa feita de rosas,
sono de mil rosas, sou o teu adormecido.
Iluminado adormecido dos teus perfumes; profundo
adormecido das tuas frias intimidades.
(...)
Rilke
roseiam
«As rosas são recatadas. Nisso consiste a sua magnificência. As rosas roseiam. O seu verbo é rosear.»
Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 111
Romance De Um Dia Na Estrada
Andava já há vinte dias
Ao frio, ao vento e à fome
Às escondidas da sorte
Um dia fraco, outro forte
Que o dia em que se não come
É um dia a menos para a morte
Um dia fraco, outro forte
Quando um barulho de cama
A voltar-se de impaciente
Me fez parar de repente
Era noite e o casarão
Não tinhas lados nem frente
Dentro havia luz e pão
Me fez parar de repente
Ó da casa, abram-me a porta
Fiz as luzes se apagarem
Cheguei-me mais à janela
Vi acender-se uma vela
Passos de mulher andarem
E uma mulher muito bela
Chegou-se mais à janela
Não tenhas medo, eu não trago
Nem ódio nem espingardas
Trago paz numa viola
Quase que não fui à escola
Mas aprendi nas estradas
O amor que te consola
Trago paz numa viola
Meu marido foi pra longe
Tomar conta das herdades
Ela disse "Companheiro"
Eu disse "Vem", ela "Tu primeiro"
"Tu que me falas de estradas"
"E eu só conheço um carreiro"
Ela disse "Companheiro"
A contas com a nossa noite
Afundados num colchão
Entre arcas e um reposteiro
Descobrimos um vulcão
Era o mês de Fevereiro
E o Inverno se fez Verão
Descobrimos um vulcão
E eu que falava de estradas
E só conhecia atalhos
E ela a mostrar-me caminhos
Entre chaminés e orvalhos
Pela manhã, sem agasalhos
Voltei a rumos sozinhos
E ela a mostrar-me caminhos
Andarei mais vinte dias
ao frio, ao vento e à fome
Às escondidas da sorte
Um dia fraco, outro forte
Que o dia em que se não come
É um dia a menos para a morte
Um dia fraco, outro forte
Um dia fraco, outro forte
''Hoje o tempo foi totalizado como tempo laboral.''
Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 82
domingo, 14 de janeiro de 2024
Eu Vou A Jogo
Estavas desaparecida
Vinda do fundo da interface
Encontrei-te na avenida
E na boca mal sorriso
Se foste causa, foste consequência
Corre atrás do prejuízo
As esferas que lançaste em força
Em volta do ego
Eu vou a jogo
É para a descarregar
Gosto sempre de correr perigos
Quando o tempo vai mudar
O meu clima está melhor
Eu vou a jogo
Encontrar vida em redor
Eu vou a jogo
As esferas que lançaste em força
Em volta do ego
Eu vou a jogo
Nunca apagas o que vai a jogo
Às cegas em ti carregas
Sons e cores do fogo
Nunca apagas o que vai a jogo
Fala agora tu de ti
Eu vou alterando-me eu mesmo
Vivendo o que já vivi
Dou de tudo e vai da vida
Eu vou a jogo
Caia o precipício mais longo
Apanho vento de subida
Eu vou a jogo
As esferas que lançaste em força
A sorte enjeita em volta do ego
Eu vou a jogo
Nunca apagas o que vai a jogo
Às cegas em ti carregas
Sons e cores do fogo
Nunca apagas o que vai a jogo
Sem sequer ter começado
Só sei que às vezes termina
O lençol cheira a lavado
Ali era tudo gente fina
Dois corpos por metro quadrado
Quarto pago adiantado
Por um lençol enrodilhado
Neste conto de um instante
Olhe depois eram dois cafés
O meu é com adocicante
A cada qual de autorretrato
Eu vou a jogo
Há eterna casa de partidas
Toda a vida tão barato
Eu vou a jogo
Toda a vida tão barato
Eu vou a jogo
Há eterna casa de partidas
Toda a vida tão barato
Eu vou a jogo
Eu vou a jogo
Eu vou a jogo
Sérgio Godinho - Mútuo Consentimento
Mas era já tão tarde
E hoje ninguém há
Agitar a minha solidão
Pra dar corda ao brinquedo
Agora ainda era cedo
E tu nem precisaste
De saber quem amaste
Não me fugiste nem eu te fugi
Foi amor de um momento
Mútuo consentimento
Mútuo consentimento
«Todo o santo dia bateram à porta. não abri, não me apetece ver pessoas, ninguém. Escrevi muito, de tarde e pela noite dentro. Curiosamente, hoje, ouve-se o mar como se estivesse dentro de casa. o vento deve estar de feição. a ressonância das vagas contra os rochedos sobressalta-me. Desconfio que se disser mar em voz alta, o mar entra pela janela. Sou um homem privilegiado, ouço o mar ao entardecer. que mais posso desejar? E no entanto, não estou alegre nem apaixonado. Nem me parece que esteja feliz. Escrevo com um único fim: salvar o dia.»
Al Berto
sábado, 13 de janeiro de 2024
quinta-feira, 11 de janeiro de 2024
quarta-feira, 10 de janeiro de 2024
Blues Subterrâneos da Saudade
Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 91
dexedrina
'' uns quantos bebés desfavorecidos encharcados em dexedrina''
Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 89O Cabral Fugiu para Espanha
Maior miséria encontra-se a pagar
A sua vilania num exílio vergonhoso
Em terra de Espanha
Provou-se que o povo tinha razão e
Provou-se também que a unidade de
Todos os cidadãos há-de levar de vencida
Essa corte corrupta e indigna
Temos de exigir medidas revolucionárias ao
Nosso governo não podemos
Permitir que o Duque de
Palmela, o nosso ministro, continue
Nas mesmas águas turvas do Costa
Cabral se não é
Capaz de tomar medidas que sirvam o povo
Que vá para lá outro
Tu dum lado o povo d'outro
Qual dos dois há-de vencer
Com uma carga de sardinha
Com a pressa que levava
Nem disse adeus à Rainha
Ve com esporas de prata a cavalo na Rainha
Com o Saldanha á arreata
A mulher quer ser rainha
Foram-se os Cabrais embora
Só ficou a Luisinha
Já lá vai para a Galiza
Com a pressa que levava
Nem disse adeus à Luisa
terça-feira, 9 de janeiro de 2024
''É melhor rasgar cada fibra, deixe a fúria fluir. desatado, o sangue molhando, vívida, o sofá, o tapete, o chão enquanto o calendário em forma de cobra Jura-me que estás a um milhão de condados verdes daqui. Melhor isso do que ficar aqui sentada, muda. convulsionando assim sob as estrelas espinhosas com o olhar perdido, com maldições. que enegrecem os momentos em que se pronunciaram os adeuses, em que os comboios partiram arrancando-me a mim, grande tola magnânima, do meu único reino.''
Sylvia Plath, Monólogo às 3 da manhã
domingo, 7 de janeiro de 2024
'' a cigana negra''
Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 87
''Corpus Christi em chamas''
Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 87
'' a mulher de roupas ensanguentadas''
Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 84
achas das minhas experiências - levas-te demasiado
a sério - ainda vais arranjar uma úlcera & vais
parar ao hospital - vão-te pôr numa enfermaria
onde não podes receber visitas - vais passar-te
da moleirinha - já não quero saber disso -
estou tão farto das tuas regras & regulamentos
que posso até nunca mais te falar - mas
lembra-te de uma coisa, quando avalias uma peça de
manteiga, estás a falar sobre ti mesmo, por isso
o melhor é assinares o teu nome...vemo-nos,
com sorte, no festival de bolos da sra. Keeler
com estima
Flutuador Limpa-Neves
p.s. tu és meu amigo & estou a tentar ajudar-te»
sábado, 6 de janeiro de 2024
quinta-feira, 4 de janeiro de 2024
Dancing Girl
Bright like a falling star.
And the sources of light,
Seemed so near,
Yet so far.
I thought i was in flight,
Out where the planets are.
Moving between day and night.
Hear am I,
There you are.
Follow the Dancing Girl,
Vision and embrace.
Such an entrancing girl,
She moves with such rhythm and grace.
Who can she be?
Follow the Dancing Girl,
Go to the quiet place.
Here in the weary world,
Somewhere between time and space.
We shall be free.
Well welcome to the twilight zone.
You can leave with only what you bring.
Things we cannot see appear.
Singing songs we cannot hear.
An everything is surely everything.
Meanwhile in the ghettos dust and gloom.
Bird is blowin in his room.
All those noteswont take the pain away.
And you'll surely come to harm,
With that needle all up in your arm.
And dope will never turn the night to day.
Baby sister its these streets at night.
I say the wind blows chilly,
And the women need new shoes.
Tell her what you wanna do.
Boogie, bop or boogalo?
I said tell her what you wanna do
Boogie, bop or boogaloo?
I said tell her, tell her
What you wanna do.
Boogie, bop or boogaloo?