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domingo, 9 de dezembro de 2012
Dor estival
A morte no verão caminha a meu lado:
nunca a minha dor é tão grande
como quando o verão floresce pleno
nem tão seca a minha melancolia
como quando a beleza do verão se oferece:
orgia mortal
A ausência de Deus não a sinto tão dolorosa
como quando contemplo as borboletas
condenadas a morrer
buscando em ziguezague um sítio onde pousas
a sua morte
nem sinto a presença de Deus tão ameaçadora
como quando retumba o trovão
e relâmpagos iluminam o céu
com seus sinais de fogo
Nunca me sinto tão só
como quando no verão as pessoas
aumentam o júbilo da sua companhia
nem tão supérflua
como quando contemplo a exuberância
do verão
Parecem-me tão distantes
as coisas que amo
Nunca o meu desejo de viver é tão frágil!
como no verão:
preciso de lutar
para não conceder a minha mão à morte
Não sei
quantos verões me faltam:
a todos temo
esperando que me salve
o outono.
Maria Wine. 21 Poetas Suecos. Antologia coord. por Ana Hatherly e Vasco Graça Moura. Vega, Lisboa, p. 159
nunca a minha dor é tão grande
como quando o verão floresce pleno
nem tão seca a minha melancolia
como quando a beleza do verão se oferece:
orgia mortal
A ausência de Deus não a sinto tão dolorosa
como quando contemplo as borboletas
condenadas a morrer
buscando em ziguezague um sítio onde pousas
a sua morte
nem sinto a presença de Deus tão ameaçadora
como quando retumba o trovão
e relâmpagos iluminam o céu
com seus sinais de fogo
Nunca me sinto tão só
como quando no verão as pessoas
aumentam o júbilo da sua companhia
nem tão supérflua
como quando contemplo a exuberância
do verão
Parecem-me tão distantes
as coisas que amo
Nunca o meu desejo de viver é tão frágil!
como no verão:
preciso de lutar
para não conceder a minha mão à morte
Não sei
quantos verões me faltam:
a todos temo
esperando que me salve
o outono.
Maria Wine. 21 Poetas Suecos. Antologia coord. por Ana Hatherly e Vasco Graça Moura. Vega, Lisboa, p. 159
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