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sexta-feira, 8 de maio de 2015

humorismo sombrio


« - Como  vês, não me devo queixar: passou por mim muita coisa, menos bolor...Aconteceu-me um pouco de tudo. Até a morte marcada por um despertador que, uma vez que lhe foi dada corda, ninguém o fará parar.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 180
«Nunca a sentira tão longe de mim. Tão desapegada. As suas palavras não me eram dirigidas. Era uma sensação desagradável. Achei-me a estimulá-la ao diálogo, numa tentativa ciumenta de a recuperar.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 178
«No entanto, Clarisse tinha de falar do passado. Arrumá-lo (tal como eu tentava arrumar o meu presente, unir o que fazia ao que sentia, sem, porém, o conseguir), esclarecê-lo para se libertar melhor. Ou então, era-lhe necessário, por orgulho, talvez, justificar certos aspectos contraditórios que se farejavam na sua vida.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 175

sexta-feira, 24 de abril de 2015

« - Procuro descobrir se há uma outra por detrás de ti. Uma outra Clarisse, a verdadeira.
   -Mas por que não há-de ser esta a verdadeira?
   -É o que pergunto em certos momentos.

(...)

  Fui possuído pela sensação de que, na maioria das vezes, eu era para Clarisse um inimigo atento ao mínimo deslize que lhe pudesse trair os defeitos. Tinha de me defender contra isso, tanto como das armadilhas do seu humor instável. »



Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 172

''cio das árvores a florir''

''castanho sanguíneo''


«Nem eu nem Clarisse falávamos, mas cada um de nós ia, decerto, com os nervos saturados do diálogo irritadiço dessa tarde, das frases que haviam ficado por dizer, reagrupando agora esses fragmentos talvez para os suavizar ou azedar mais ainda.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 168

«-Uma garota de nariz arrebitado. Caprichosa, volúvel, nem sempre fácil de aturar.
  -Volúvel? - repetiu Clarisse, numa inflexão interrogativa mas sonâmbula, como se recitasse uma frase vazia de sentido.
   -...E sobretudo uma garota que me puxa demasiadamente pela língua. Já devias saber que a loquacidade não está nos meus hábitos.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 166
« - Às vezes tenho a impressão de que falo, ou que me escutas, de muito longe. E quando me calo, é como se nenhum de nós fosse real. - E emudeceu, a sopesar a verdade do que dizia.
   -Ao menos tu, serás real?
  Que podia eu dizer-lhe, sem a crosta dos hábitos a defender-me? Segui-lhe no rosto a minha própria emoção.
   -Deves ter razão em duvidar. Para te falar franco, chego a julgar que me inventaste - e apertei os dentes, atravessado por uma dor instantânea.
    -Mas eu não invento a tua frieza.
   Bem vi que outros pensamentos lhe galopavam de encontro às têmporas. Não lhes daria voz, porém. Pelo menos, a todos. Clarisse preferia não esticar, além de certos limites, as cordas do meu enfado. Picava-me, apenas. Ia aceitando, gradualmente, embora com espanto, fúria e terror, o pouco que eu lhe poderia oferecer.
   - Nunca quiseste saber nada de mim. Vá, que sabes tu do meu passado?
    Escorei-me nos antebraços. Procurei um cigarro nos bolsos. Media, à régua, as palavras que iria dizer.
    -Que te sentavas num café com esse arzinho provocante...E se falássemos de outras coisas? A propósito, Clarisse: usavas um gracioso colete de bombazina. Veste-o um dia destes. Ficava-te muito bem.
    Ela fixava-me, dorida, a desvendar um estranho.
    -Escuta, Jorge, agora escuta-me. Quero sentir que estás, realmente, aqui. Tu poderás compreender que eu deseje tanto que saibas tudo de mim? Só assim poderei pertencer-te, como eu quero. - Ela fazia pontaria ao meu mutismo, para o estilhaçar. Mas logo uma ira crispada lhe borbulhava nas narinas frementes. - Dá-me às vezes a impressão de que és um saco de areia. Dou um murro, a mão amolga o saco, mas não se ouve a pancada. E o saco, claro, fica na mesma. Será inútil repetir o murro.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 164/5

quinta-feira, 23 de abril de 2015



«A minha convivência nos desatinos e excessos de Clarisse traduzia apenas a solidariedade que se deve a um ser humano desesperado. E, sobretudo, solitário no seu desespero.  Era este o disco entorpecente que fazia girar dentro do meu amor-próprio. E seria amor o que ela sentia?»



Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 145

«Talvez não seja inteiramente sincero ao dizer isto, pois, as mais das vezes, eu procurava muito mais interpretar-me, iludir as minhas acusações, do que ajudar Clarisse a libertar-se do pavor do dia seguinte. «Nada tenho dentro de mim a não ser o medo.» Ela bem o percebia, bem percebia o meu egoísmo. «Os homens são tão ciosos da sua invulnerabilidade! Tão estupidamente egoístas! (...)»



Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 144

''grandiloquências românticas''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 144

''nuns monossílabos acerbos que ele se dispensava de ouvir''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 143

''encurralava-me nas grades do meu mutismo''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 143
«Desta vez, eu tinha o cigarro entre os dedos. Ia-o deixando queimar-se até ao fim, ardendo-me na pele, e nele se consumiria, também, a minha indecisão. Um pouco mais, e iria sentir o saboroso ardor da carne martirizada.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 139

terça-feira, 21 de abril de 2015

segunda-feira, 20 de abril de 2015

«Palavras de veludo. Vermes de pêlo acetinado.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 100
«A angustiada expressão dos olhos contradizia o sarcasmo da sua boca.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 99

«Ser uma vítima dócil, para sua comodidade?»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 98/9
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