skip to main
|
skip to sidebar
Clepsidra
コカインの時間を介しての旅です
Mostrar mensagens com a etiqueta
esposa e co-fundadora da Fundação Henri Cartier-Bresson
.
Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta
esposa e co-fundadora da Fundação Henri Cartier-Bresson
.
Mostrar todas as mensagens
domingo, 29 de julho de 2012
Balthus, o cavaleiro polaco
SWITZERLAND. Rossinière. French painter BALTHUS at home. 1999
Entre 1930 e 1932 serviu o exército francês em Marrocos, onde cuidava de um cavalo chamado Arbia. Pouco tempo depois de regressar a Paris alguém lhe disse: «desde que te foste embora, o cavalo recusa-se a comer», e por fim «deixou-se morrer à fome...»
O próprio Balthus (diz-se) tentou o suicídio, em 1934, quando pintou "La Leçon de Guitare". Consta que foi salvo pelo louco Artaud
Pouco antes de morrer no fatídico acidente de automóvel em 1960, Albert Camus fez uma curiosa dedicatória a Balthazar Michel Klossowski de Rola, que vivia já com algum fausto no castelo de Chassy, perto de Montreuillon: «a ti que fazes Primaveras, entrego-te o meu Inverno».
Balthus orgulhava-se da nobreza de conduta dos seus antepassados («não te esqueças que és um cavaleiro polaco» — dizia-lhe o pai) e mantinha-se estoicamente fiel a um estranho estilo figurativo que em Montparnasse fora condenado ao desprezo (Picasso era, para ele, o carrasco da pintura moderna). Celebrava o seu aniversário apenas de quatro em quatro anos (nasceu a 29 de Fevereiro de 1908 e só em 2004 festejaria pela vigésima quarta vez), e pintava gatos — muito gatos, cúmplices autodidactas —, anjos — «jeunes filles en fleur», eternas adolescentes — e espelhos — os anjos iluminados ou, na simbologia esotérica, virgens que recebem a luz de Deus: nem crianças impúberes que arrastam para a cadeia, nem mulheres fatais que levam à perdição (Balthus passou por grande sofrimento quando soube que a sua mãe, a pintora Baladine, era amante do admirável Rainer Maria Rilke).
Teve muitos amigos famosos: Paul Valéry, Man Ray, Miró, Camus, Éluard, Giacometti, Dalí, os quatro Andrés: Gide, Breton, Derain e Malraux... Alguns deles admiravam-no e tinham-no como uma espécie de «peregrino de Deus.» Só o dramático Artaud, nos períodos de maior demência, fazia dele um demónio: considerava-o seu «duplo», enviava-lhe «cartas terríveis» e acusava-o de ser «o causador de todas as suas desgraças.»
Morreu a 18 de Fevereiro de 2001, numa casa apalaçada dos Alpes suíços — Le Grand-Chalet de Rossinière —, não sem ter experimentado pelo menos um par de vezes, embora sem agrado (a tentativa de suicídio? Lição de guitarra?), «o gosto aristocrático de provocar». Afinal, a sua vida foi uma longa provocação.
"28 de Fevereiro"
Rilke escreveu-lhe uma carta, em 1921, onde lembra o episódio de uma novela de um escritor do Cairo, um tal Mr. Blackwood: «Ele afirma que à meia-noite, entre o fim de um dia e o princípio de outro, existe uma fenda por onde alguém muito ágil poderá introduzir-se para escapar do tempo.» E continuava, mais ou menos assim: «Esse é o lugar, meu caro B., onde deves meter-te nas noites de 28 de Fevereiro para tomares posse do teu aniversário (...), e que te dará acesso a muitas coisas extraordinárias.» Foi assim que Balthus começou a ganhar fama de «cavaleiro polaco», «fazedor de Primaveras» e «peregrino de Deus».
Mensagens antigas
Página inicial
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Pesquisar neste blogue
Translate
Acerca de mim
Liliana Gonçalves
Ver o meu perfil completo
Arquivo do blogue
▼
2024
(1593)
dezembro
(129)
novembro
(164)
outubro
(112)
setembro
(131)
agosto
(219)
julho
(40)
junho
(29)
maio
(49)
abril
(106)
março
(260)
fevereiro
(137)
janeiro
(217)
►
2023
(1020)
dezembro
(132)
novembro
(118)
outubro
(6)
setembro
(18)
agosto
(38)
julho
(1)
junho
(31)
maio
(167)
abril
(116)
março
(197)
fevereiro
(148)
janeiro
(48)
►
2022
(1210)
dezembro
(100)
novembro
(175)
outubro
(77)
setembro
(3)
agosto
(162)
julho
(111)
junho
(151)
maio
(48)
abril
(164)
março
(133)
fevereiro
(69)
janeiro
(17)
►
2021
(2061)
dezembro
(22)
novembro
(93)
outubro
(37)
setembro
(72)
agosto
(161)
julho
(211)
junho
(218)
maio
(293)
abril
(195)
março
(277)
fevereiro
(217)
janeiro
(265)
►
2020
(1635)
dezembro
(83)
novembro
(56)
outubro
(61)
setembro
(80)
agosto
(173)
julho
(111)
junho
(91)
maio
(208)
abril
(334)
março
(141)
fevereiro
(168)
janeiro
(129)
►
2019
(1338)
dezembro
(145)
novembro
(196)
outubro
(39)
setembro
(69)
agosto
(120)
julho
(122)
junho
(98)
maio
(99)
abril
(164)
março
(61)
fevereiro
(51)
janeiro
(174)
►
2018
(1685)
dezembro
(30)
novembro
(56)
outubro
(347)
setembro
(131)
agosto
(165)
julho
(63)
junho
(105)
maio
(167)
abril
(79)
março
(97)
fevereiro
(216)
janeiro
(229)
►
2017
(1897)
dezembro
(132)
novembro
(166)
outubro
(120)
setembro
(82)
agosto
(168)
julho
(93)
junho
(137)
maio
(219)
abril
(183)
março
(81)
fevereiro
(311)
janeiro
(205)
►
2016
(1755)
dezembro
(242)
novembro
(86)
outubro
(74)
setembro
(188)
agosto
(162)
julho
(75)
junho
(42)
maio
(43)
abril
(50)
março
(249)
fevereiro
(241)
janeiro
(303)
►
2015
(2888)
dezembro
(286)
novembro
(224)
outubro
(200)
setembro
(227)
agosto
(437)
julho
(325)
junho
(271)
maio
(307)
abril
(227)
março
(214)
fevereiro
(117)
janeiro
(53)
►
2014
(1729)
dezembro
(115)
novembro
(99)
outubro
(40)
setembro
(74)
agosto
(9)
julho
(116)
junho
(172)
maio
(156)
abril
(199)
março
(430)
fevereiro
(123)
janeiro
(196)
►
2013
(1112)
dezembro
(212)
novembro
(112)
outubro
(89)
setembro
(15)
agosto
(49)
julho
(120)
junho
(80)
maio
(59)
abril
(74)
março
(182)
fevereiro
(32)
janeiro
(88)
►
2012
(1021)
dezembro
(102)
novembro
(63)
outubro
(62)
setembro
(55)
agosto
(102)
julho
(85)
junho
(84)
maio
(85)
abril
(140)
março
(64)
fevereiro
(85)
janeiro
(94)
►
2011
(1920)
dezembro
(77)
novembro
(162)
outubro
(195)
setembro
(119)
agosto
(209)
julho
(257)
junho
(166)
maio
(79)
abril
(137)
março
(173)
fevereiro
(148)
janeiro
(198)
►
2010
(1104)
dezembro
(162)
novembro
(134)
outubro
(186)
setembro
(72)
agosto
(114)
julho
(63)
junho
(84)
maio
(89)
abril
(78)
março
(53)
fevereiro
(30)
janeiro
(39)
►
2009
(173)
dezembro
(34)
novembro
(14)
outubro
(16)
setembro
(39)
agosto
(39)
julho
(31)
Na janela do Tempo