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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

    «Assim, quando chegou a manhã, o Ulisses e eu éramos realmente amigos, como prometera que seríamos. Ou, deixe-me contar isto doutra forma: eu nutria afeição por ele - mais até: amor e paixão - e ele comportava-se como se sentisse o mesmo. O que não é a mesma coisa.»


Margaret Atwood. A Odisseia de Penélope. Tradução de Paula Reis. Editorial Teorema, 2006, p. 57

   «Um pouco mais tarde, descobri que Ulisses não era um daqueles homens que, terminado o acto, se deixam rolar, simplesmente, e desatam a ressonar. Não que eu soubesse deste hábito masculino vulgar por experiência própria, mas, como já disse, escutara montes de coisas das servas. Não, o Ulisses queria conversa, e era um excelente narrador que eu adorava escutar. Penso que isso foi o que ele mais apreciou em mim: a capacidade para gostar das suas histórias. É um talento que se subestima nas mulheres.»


 Margaret Atwood. A Odisseia de Penélope. Tradução de Paula Reis. Editorial Teorema, 2006, p. 54/55
A água não resiste. A água corre. Quando mergulhas nela a mão, só sentes uma carícia
A água não é uma muralha sólida, não te deterá. Mas a água vai sempre para onde quer ir,
e nada, no fim, pode nada contra ela. A água é paciente. A água a pingar desgasta uma pedra.
Lembra-te de que és metade água. Se não puderes passar através dum obstáculo, contorna-o.
A água fá-lo.

Margaret Atwood. A Odisseia de Penélope. Tradução de Paula Reis. Editorial Teorema, 2006, p. 53
  «Uma vez por outra, o nevoeiro aparta-se e temos um vislumbre do mundo dos vivos. É como esfregar o vidro duma janela suja, abrindo um espaço para espreitar.»


Margaret Atwood. A Odisseia de Penélope. Tradução de Paula Reis. Editorial Teorema, 2006, p. 29

V

Asfódelos


 «Aqui está escuro, como muitos têm notado. A «Escura Morte», como costumavam dizer. «As sombrias salas do Hades», e por aí adiante. Bom, sim, é escuro, mas tem vantagens - por exemplo, se se vê alguém a quem preferíamos não falar, pode-se fingir sempre que não o reconhecemos.»



Margaret Atwood. A Odisseia de Penélope. Tradução de Paula Reis. Editorial Teorema, 2006, p. 27

domingo, 16 de janeiro de 2011

Agora que estou morta, sei tudo. Isto era o que eu desejava que acontecesse, mas tal como muitos dos meus desejos não se revelou verdadeiro.

Margaret Atwood. A Odisseia de Penélope. Tradução de Paula Reis. Editorial Teorema, 2006
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