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terça-feira, 7 de abril de 2015

quinta-feira, 26 de março de 2015

''obscena malícia''


«Havia sido, para Lúcia, um diálogo heróico. E esse heroísmo excedera-a. Lavei a cara e as mãos com água fria, acendi outro cigarro, observando-a recatadamente. Após aquele rubor de adolescente surpreendida numa audácia, a face de Lúcia tinha um tom embaciado, exausto e tristonho.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 26

«Uma rapariga desocupada, abúlica, quase um objecto, limitando-se a estar ali. Essa passividade de cão de guarda era enervante.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 23

''boca tímida e deslumbrada de uma criança''


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 20

«Certas manhãs ficava acordado olhando o rectângulo insidioso, recusando-me a admitir que o dia nascera, temendo a evidência da solidão. O mundo morava longe, muito para lá da porta. Vinha-me dele um frémito longínquo. Agora, porém, o vidro fosco já não me encharca dessa espécie de despertar pavoroso e lívido. Agora sei que o amor nos faz aproximar das coisas, habitá-las, que pelo amor as reconhecemos e que, depois de recebermos a revelação, nada mais é preciso para nos sentirmos vivos.
   Como foi possível escrever eu isto? Tenho os membros espessos da insónia. É a fadiga que nos amolece.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 18

«Estou a escrever de madrugada e começo a sentir-me fatigado.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 17

''vidro desabitado''

«(...), essas cogitações foram-me turvando, envilecendo, fazendo de mim este cínico irascível que parece cuspir nas pessoas e confunde ternura com pieguice. Se assim não fosse, eu teria sido para Clarisse outro homem. O homem de que ela necessitava e a que, como ser humano solitário e desesperado, tinha direito.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 16

Eram cavalos viciados no chicote.


«Eram cavalos viciados no chicote. Cavalos que mantinham de pé, por tenacidade e não por orgulho, a sua agonia. Talvez a minha dureza lhes soubesse a verdade. Talvez a preferissem às palavras embuçadas, aos afagos corrompidos, que deixam o travo duma fraude maior ainda.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 13

« a extravagância rude das atitudes.»


«A minha insociabilidades seria, pois, uma estratégia.»

Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 12


«Tais excentricidades, ou como lhes queiram chamar, porque eram temidas, tornavam-se uma comodíssima justificação para todos os caprichos que me davam na gana e permitiam-me ser tão independente, azedo e solitário, quanto as vagas de neurastenia o exigiam. A neurasteria e, por fim, a petulância.»


Fernando Namora. Domingo à Tarde. Editora Arcádia. 4ª Edição. p. 11
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