Mostrar mensagens com a etiqueta de olhos baixos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta de olhos baixos. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

«Já não pensava.»

«Com o tempo, acabaste por saber. Não dizes nada. Quando me falas baixas os olhos, como se escondesses um sentimento. Tento captar o teu olhar e retê-lo o mais tempo possível...»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 137
«Kniza! Assim te chamarei, menos para evocar o tesouro escondido na montanha pelo trisavô que, porque esse nome parece, quando o desenho ou quando o ouço no escuro, o teu olhar quando não compreendes uma palavra ou um gesto e os teus olhos piscam docemente com essa ironia em busca de cumplicidade. Gosto deste nome como do travessão que conservas nos teus cabelos como um penhor da infância,  neste dia dos teus vinte anos em que tentas dar ao teu rosto a expressão de uma gravidade que pretende ser desespero. Aí, sentada nesse velho cadeirão, com as pernas dobradas seguras pelas tuas mãos, iluminadas por um raio de sol. Olho-te nesta doçura das coisas e do lugar sem me aproximar demasiado, com medo de incomodar os teus pensamentos que se empurram para se tornarem imagens de um sonho inventado, sem mesmo se debruçar para ouvir as vozes daquele que te faz sorrir.»

Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 135/6

«as minhas noites reúnem-se nessa solidão para enlaçar este corpo vazio»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 133

«O amor teria um rosto como o tempo, a melancolia ou o medo. Eu vivia com aquele rosto ainda vazio.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 130
«Agora, as minhas ilusões mudaram. Voltei a França, não para aprender a viver, mas para aprender a amar.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 130

«Aproximei-me dela, tomei-lhe o rosto nas mãos e tentei ler nos seus olhos. Estavam vazios como uma casa abandonada.Tinha as mãos frias. Falei-lhe; ficou impassível.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 123

«aprende o movimento das estrelas»

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

«Olhava o mundo e não o amava.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 119

«A coisa que eu chamava cão-do-mar, lobo-das-estepes, raposa-dos-baldios corria nas trevas seguida por um sopro frio que me dava arrepios.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 115

«- E, na tua opinião, aquele negrume que solta, não será da tua alma? Não te sentes a perder um pouco do teu fôlego? Não estarás a esvaziar-te? Responde.
   Provocara-me. Decidi ser tão forte como ela e adoptei o seu tom:
  - E aquele fio vermelho que atravessa o negrume, não será um pouco do teu sangue? Tens a certeza de não estar, neste momento, a perder o teu sangue? Olha bem para as tuas mãos, as tuas pernas, o teu nariz. Olha-te na água. Verás como estás pálida. »


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 113

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014



«À noite estava cansada e sofredora, experimentada, mas feliz porque tinha conseguido preservar o meu segredo. O mar pertencia-me. Não ousava abrir a mão direita. Guardava tudo, profundamente escondido em mim. O mar era aquele jardim onde, um dia, me poderia isolar, longe do barulho.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 90

domingo, 30 de novembro de 2014



«Em pequena, Slima sofrera. Diziam que tinha nascido de uma má chuva, que era fruto da tempestade. As crianças são más. Começou cedo a bater. A violência era a sua forma de falar e de viver.»




Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 85

óleo de argânia

«Naquele dia fiquei a conhecer a vergonha.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 83

« - Nenhuma árvore aqui - disse-me ele um dia - é digna de usar o teu nome.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 81

«Fui menstruada pela primeira vez no dia do regresso da minha mãe. Estava a dormir quando senti um líquido quente correr entre as minhas coxas. Não estava verdadeiramente prevenida, mas sabia que passava, assim, a ser mulher.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 79

quarta-feira, 26 de novembro de 2014



«(...) e os ratos a precipitarem-se-lhe sobre o ventre, o sexo, arrancando farrapos de carne em sangue. Esse espectáculo que eu servia frequentemente dentro da minha cabeça, fazia-me estremecer.»




Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 36

Descobri que o meu corpo podia sentir outra coisa além do frio e da fome...

«Apertava as mãos entre as coxas e não sentia vergonha. Foi ao acordar que senti o peso de uma enorme culpa. Não me sentia à vontade, e pus-me a detestar Halifa e a ter nojo de mim mesma. Descobri que o meu corpo podia sentir outra coisa além do frio e da fome, do calor e do cansaço.»

Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 31
«A minha mãe era a metade da pedra polida que representava o meu pai. Com um pedaço de giz, traçara uma linha a meio da pedra e sabia que esses dois seres eram inseparáveis «na vida até à morte». O meu irmão era uma pequena pedra frágil que se esboroava mal se lhe tocava. Era a minha pedra preferida. Quanto à minha tia, não era uma pedra, mas um escorpião morto que eu apanhei e instalei no fundo da minha gruta.»


Tahar Ben JellounDe olhos baixos. Tradução de Maria Carlota Álvares da Guerra. Bertrand Editora., p. 28
Powered By Blogger