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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

"Um homem perguntou ao senhor K. se havia um deus ou não. O senhor K. disse: Aconselho-te a reflectir sobre se o teu comportamento se iria alterar conforme a resposta a esta pergunta. Se não se alterasse, podemos pôr a pergunta de lado. Se se alterasse, então posso pelo menos dar-te ainda uma ajuda, na medida em que te digo que já te decidiste: tu tens necessidade de um deus."

-"Histórias do Senhor Keuner"
- Bertolt Brecht

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

"O senhor K disse uma vez: Aquele que pensa não se serve de luz nenhuma a mais, de pedaço nenhum de pão a mais, de pensamento nenhum a mais."


-"Histórias do Senhor Keuner"
- Bertolt Brecht

segunda-feira, 12 de maio de 2014

TAMBORES NA NOITE #2

"Vivo,na verdade, em tempos sombrios.
É insensata a palavra ingénua. Uma fronte lisa
revela insensibilidade. Aquele que ri...
é porque ainda não recebeu a notícia terrível.

Que tempos estes
em que falar sobre uma árvore é quase um crime
porque equivale a cantar tantas perfídeas!
Esse homem que vai tranquilamente pela rua,
conseguirão os amigos encontrá-lo
quando precisarem?

É verdade que ainda ganho a vida
Mas, creiam, é pura casualidade. Nada
do que faço me dá direito a fartar-me.
Libertei-me por acaso. (Estaria perdido se a sorte se me acabasse).
Dizem-me:«Come e bebe! Goza o que tens!»
Mas como posso comer e beber
se estou a roubar ao faminto aquilo que como
e o meu copo de água faz falta ao sedento?
E mesmo assim, como e bebo.

Gostaria de ser também sábio.
Os velhos livros explicam a sabedoria:
fugir das lutas do mundo e deixar passar
sem inquietação o nosso curto tempo.

Libertar-se da violência,
responder ao mal com o bem,
não satisfazer os desejos e até
esquecê-los; é essa a sabedoria.
Mas não posso fazer nada disto;
vivo na verdade em tempos sombrios."


Bertolt Brecht
. "Poesia, Textos, Teatro"

quinta-feira, 21 de julho de 2011

UMA FOLHA, sem árvore,
para Bertolt Brecht:

Que tempos são estes
em que uma conversa
é quase um crime,
porque contém
tanta coisa dita?




Paul Celan. Sete Rosas Mais Tarde. Edição Bilingue. Antologia Poética, 3ª edição. Selecção, tradução e introdução de João Barrento e Y. K. Centeno. Edições Cotovia, 1996., p. 171
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