Fala com as árvores o triste vento
de Outono, fala baixo, não se ouve;
que lhes dirá? Ao seu discurso, movem
as árvores, sonhando, a cabeça.
É a meio da tarde; confortável,
estendo-me na largura do sofá...
A cabeça deitada no meu peito,
dorme fundo, calma, minha mulher.
Manso, numa mão, ondeia o seio
da minha doce e bela adormecida;
na outra, meu livro de orações: a
história das lutas de libertação.
Quais cometas, cavalgam suas letras
através da minha alma exaltada...
A cabeça deitada no meu peito,
dorme fundo, calma, minha mulher.
Ouro te seduz e o chicote bate,
se lutas pelo tirano, povo escravo;
e a liberdade? Um só sorriso,
e quem crê corre ao campo da batalha,
e aceita, como flor de moça linda,
golpes, morte, perdidamente alegre...
A cabeça deitada no meu peito,
dorme fundo, calma, minha mulher.
Quantas vidas queridas por ti caíram
já, ó santa liberdade! E qual
a utilidade? Mas ver-se-á
tua vitória na luta final,
e teus mortos também irás vingar,
e tua vingança será terrível!...
A cabeça deitada no meu peito,
dorme fundo, calma, minha mulher.
Koltó, Setembro de 1847
Sándor Petőfi in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 92
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domingo, 27 de fevereiro de 2011
«Trago no coração chama, celeste
chama, que as gotas do sangue aquece,»
...
«Oh, pudesse dizê-lo, não só com
palavras vazias, mas também obras.»
Sándor Petőfi in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 86
chama, que as gotas do sangue aquece,»
...
«Oh, pudesse dizê-lo, não só com
palavras vazias, mas também obras.»
Sándor Petőfi in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 86
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AQUI ESTOU, NO MEIO DA PLANURA...
Aqui estou, no meio da planura,
como estátua, imóvel.
Cobre o deserto silêncio sepulcral,
qual sudário cobre o morto.
Ao longe, um homem ceifa;
pára agora mesmo,
e afia a foice...
A lâmina não se ouve,
vejo somente como a mão se move.
E olha, agora,
comigo se admira, mas eu nem pestanejo.
Que pensará que eu penso acerca dele?
Szalkszentmárton, antes de 10 de Março de 1846
Sándor Petőfi in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 84
como estátua, imóvel.
Cobre o deserto silêncio sepulcral,
qual sudário cobre o morto.
Ao longe, um homem ceifa;
pára agora mesmo,
e afia a foice...
A lâmina não se ouve,
vejo somente como a mão se move.
E olha, agora,
comigo se admira, mas eu nem pestanejo.
Que pensará que eu penso acerca dele?
Szalkszentmárton, antes de 10 de Março de 1846
Sándor Petőfi in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 84
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sábado, 26 de fevereiro de 2011
QUEM SOU EU?
AH, NÃO, NÃO DIGO...
Quem sou eu? Ah, não, não digo;
se digo, sou conhecido.
E, se me conhecem mesmo,
vou à forca, pelo menos.
Não tenho machado à mão,
se tiver de ser brigão;
pasta longe meu cavalo,
nem fugir, se necessário.
E para quê tanta pressa,
quando me pesa a cabeça?
E não só, e o coração -
vinho e mulher falsos são.
Se, ao largar a rameira,
cozo eu a bebedeira,
e me vão alferes ao pêlo -
quem eu sou hei-de dizê-lo!
Bratislava, Maio de 1843
Sándor Petőfi in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 77
AH, NÃO, NÃO DIGO...
Quem sou eu? Ah, não, não digo;
se digo, sou conhecido.
E, se me conhecem mesmo,
vou à forca, pelo menos.
Não tenho machado à mão,
se tiver de ser brigão;
pasta longe meu cavalo,
nem fugir, se necessário.
E para quê tanta pressa,
quando me pesa a cabeça?
E não só, e o coração -
vinho e mulher falsos são.
Se, ao largar a rameira,
cozo eu a bebedeira,
e me vão alferes ao pêlo -
quem eu sou hei-de dizê-lo!
Bratislava, Maio de 1843
Sándor Petőfi in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 77
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