Mostrar mensagens com a etiqueta O bom demónio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta O bom demónio. Mostrar todas as mensagens

domingo, 29 de abril de 2012

« - Aborrece-te falar, Zorba?
  - Não é que me aborreça, patrão - respondeu -, mas custa-me fazê-lo.
  -Custa-te? Porquê?
  Não respondeu imediatamente. Passeou lentamente, mais uma vez o olhar ao longo da margem. Tinha dormido na ponte e os cabelos grisalhos e ondulados pingavam do orvalho. Todas as rugas profundas do rosto, do queixo e do pescoço eram iluminadas até ao fundo pelo Sol nascente. Por fim os lábios grossos e pendentes, como os de um bode, mexeram.
   - De manhã custa-me a abrir a boca. Custa-me muito, desculpa.»




Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 25/6
« - Luas velhas! - murmurava com desprezo. - Não têm vergonha!
   - Que quer isso dizer: luas velhas, Zorba?
   - Mas tudo isso: reis, democracias, deputados! Que mascarada!»



Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 22

domingo, 22 de abril de 2012

Nós, que tanto nos amávamos, nunca tínhamos trocado uma palavra afectuosa

«Nós, que tanto nos amávamos, nunca tínhamos trocado uma palavra afectuosa. Brincávamos e arranhávamo-nos como feras. Ele, fino, irónico, polido. Eu, o bárbaro. Ele, dominando-se, esgotando com à-vontade todas as manifestações da sua alma num sorriso. Eu, brusco, irrompendo num riso deslocado e selvagem.»




Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p.10
« Como é amargo separarmo-nos lentamente daqueles que amamos!»

Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,
Powered By Blogger