Mostrar mensagens com a etiqueta Max Aub Mohrenwitz. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Max Aub Mohrenwitz. Mostrar todas as mensagens

sábado, 30 de janeiro de 2010

Matei-a para não lhe dar um desgosto.


Max Aub Mohrenwitz in Crimes Exemplares. Trad. Jorge Lima Alves. Antígona, 2008

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Escorreguei e caí, por causa de uma casca de laranja. Estava muita gente. Desataram todos a rir. Principalmente a vendedeira do lugar, que me agradava. Levou com a pedra em cheio, mesmo entre os olhos: sempre tive boa pontaria. Caiu com as quatro patas para o ar, com a flor à mostra.
Max Aub Mohrenwitz in Crimes Exemplares. Trad. Jorge Lima Alves. Antígona, 2008 (pp.103)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010



Rita Nunes, 1997, curta-metragem Menos 9

Começou a mexer o café com leite com a colherzinha. O líquido quase transbordava, empurrado pelo movimento do utensílio de alumínio (o recipiente era vulgar, o sítio era ordinário e a colher estava gasta, viscosa de tanto ser usada). Ouvia-se o barulho do metal contra o vidro. Tim, tim, tim, tim. E o café com leite dava voltas e mais voltas, com uma cova no meio. Um maelstrom. E eu estava sentado mesmo em frente. O café estava à pinha. O homem continuava a mexer e a remexer, imóvel, e sorria ao olhar-me. Senti uma coisa subir por mim acima. Fitei-o de tal maneira que se sentiu na obrigação de se explicar:
-O açúcar ainda não se desfez todo.
Para mo provar, bateu com a colher várias vezes no fundo do copo. Recomeçou a mexer metodicamente a beberragem, com uma energia redobrada. Voltas e mais voltas, sem descanso, e o ruído da colher na borda do vidro. Trum, trum, trum. Incessante, incessante, sem descanso, eternamente. Voltas e mais voltas e mais voltas. E olhava para mim, sorrindo. Então puxei pela pistola e disparei.

Max Aub Mohrenwitz in Crimes Exemplares. Trad. Jorge Lima Alves. Antígona, 2008 (pp.24)

booktrailer dos 'Crimes Exemplares' de Max Aub




visto aqui
Quem pode dizer que não lhe caíram as asas? Acobardando-se até os virtuosos, que pretendem os que não alardeiam? Nunca estivemos tão perto desta terra que nos engolirá sem deixar da nossa passagem o mínimo rasto. Não deitemos as culpas para cima de ninguém; perdeu-se a semente, talvez devido ao mau tempo.

Max Aub Mohrenwitz, México, 1956
Powered By Blogger