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domingo, 10 de novembro de 2013

já tive que ferir e defender-me

 
«Como sabem, não sou de muitas meiguices; já tive que ferir e defender-me. Várias vezes resisti e ataquei - a única forma, afinal, de resistir - sem atender ao preço e para acatar exigências deste género da vida em que fiz a asneira de me meter. Já vi o demónio da violência, o demónio da cupidez, o demónio do mais incendiado desejo, mas - por todas as estrelas do céu!- estes demónios fortes, vigorosos, com o olhar vermelho que domina e atiça os homens - digo homens, reparem lá bem.»



Joseph Conrad. O Coração das Trevas. Tradução e Introdução de Aníbal Fernandes.
Editorial Estampa, Lisboa, 1983., p. 31


terça-feira, 9 de agosto de 2011

« - O que quero dizer é que não sei onde estou. Não sei mesmo - prosseguiu com muita sinceridade. - C'os diabos! Devo ter-me afastado do rumo. O nevoeiro anda atrás de mim há uma semana. Há mais de uma semana!»



Joseph Conrad. O Conto. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 82
«A curiosidade é o grande motor do ódio e do amor.»


Joseph Conrad. O Conto. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 81
«No amor e na guerra tudo deve ser claro.»


Joseph Conrad. O Conto. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 75

A noite cega-nos...

«A noite cega-nos... e existem situações com o raiar do Sol que para alguns são tão odiosas como a própria falsidade. A noite é sempre boa.»


Joseph Conrad. O Conto. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 72

segunda-feira, 8 de agosto de 2011


«(...) os nossos olhos exaustos que continuavam à espera, permanentemente à espera, ansiosamente à espera de algo da vida, que se esvai enquanto se espera - passa desapercebida, como um suspiro, como um lampejo - a par da juventude, da pujança, do romance das ilusões.»



Joseph Conrad. Juventude. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 61/2
«Recordo os rostos exaustos, as figuras abatidas dos meus dois homens, e recordo a minha juventude e uma sensação que nunca mais tive - a sensação de que viveria para sempre, que sobreviveria ao mar, à terra e a todos os homens; a sensação enganosa que nos conduz a alegrias, a perigos, ao amor, ao esforço inútil - à morte; a triunfante convicção da pujança, o calor da vida numa mão cheia de pó, a chama do coração que ano após ano se esvai, esfria, encolhe e se extingue - e extingue-se demasiado cedo, tão cedo - antes da própria vida.»



Joseph Conrad. Juventude. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 38/9
«Só o mar justifica tal génio - a vastidão, a solidão que cerca as suas almas tolas e sombrias.»


Joseph Conrad. Juventude. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 38/9
«Não se via uma nesga de céu a descoberto - nem do tamanho da mão de um homem - , nadinha, nem por dez míseros segundos. Para nós não havia céu, para nós não havia estrelas, sol, universo - nada além de nuvens iradas e mar enraivecido. Bombeámos quarto após quarto para salvar as nossas vidas. E tudo aquilo pareceu durar meses, anos, toda a eternidade, como se estivéssemos morrido e ido para o inferno dos marinheiros. Já não sabíamos em que dia da semana estávamos, o nome do mês, qual o ano, e se alguma vez estivéramos em terra firme. As velas foram pelos ares, o navio seguia de través apenas com a sanefa da ponte, o oceano jorrava-lhe em cima, e nós, impávidos. Rodávamos aqueles manípulos com olhos vidrados. E quando, rastejando, lá chegávamos ao convés, eu agarrava num tomadouro e, dando-lhe volta redonda, passava-o pelos homens, pelas bombas e pelo mastro grande, e rodávamos, rodávamos continuamente, com água pela cintura, pelo pescoço, com água a cobrir-nos a cabeça. Tanto se nos fazia. Tinhamo-nos esquecido como era estarmos secos.»




Joseph Conrad. Juventude. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 20/1

A senhora Beard

«A senhora Beard era uma velhota com ares de menina que tinha um rosto engelhado e rubro que nem uma maçã de Inverno. Certo dia, viu-me a pregar um botão e insistiu em tratar-me das camisas, atitude bem diferente da que conhecia às mulheres de capitão dos clíperes de luxo. »



Joseph Conrad. Juventude. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 14/5

Desconfiava da minha juventude, do meu bom senso....

«Desconfiava da minha juventude, do meu bom senso e dos meus talentos de marinharia, fazendo questão de manifestar as suas reticências de todas as formas e feitios. Talvez tivesse razão. Pouco ou nada sabia eu naquela altura e mesmo agora não sei grande coisa. Seja como for, certo é que ainda hoje alimento um ódio de estimação por esse tal Jermyn.



Joseph Conrad. Juventude. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 13
«Os camaradas decerto concordarão que há viagens que parecem destinadas a ilustrar a vida e podem apregoar-se como símbolos da existência. Lutamos, trabalhamos, suamos as estopinhas, quase nos matamos - e às vezes até morremos - para singrar nesta vida, mas não passamos da cepa torta.»


Joseph Conrad. Juventude. Trad. Bárbara Pinto Coelho, 1ª edição, Edições Quasi, 2008., p. 10
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