“Não há melhor remédio para a tristeza do que chorar” (Santos, 2000, p. 32). E zangar-se também.
“No princípio da minha carreira de psiquiatra, há muitos anos, fui chamado para ver uma senhora que estava num estado de depressão, de angústia, de perplexidade, de sideração extremamente impressionante. Tinha-lhe morrido um filho (...) E eu fiquei bastante desarmado perante aquilo, sem saber o que havia de fazer (...) fiquei ali, com vontade de chorar talvez, ou pelo menos muito impressionado, a ouvir a senhora.(...) e ouvi-a, ouvia-a, muito tempo, muito tempo, muito tempo, até que ela começou a chorar...E então ela contou-me, contou-me depois, que já não chorava havia muitos meses, desde que tinha sido feito o diagnóstico e ela sabia que o filho ia morrer. E então de certa maneira agradeceu-me por eu lhe ter permitido chorar, por a ter deixado chorar” (Santos, 2000, p. 32).
Excerto do filme "Ordinary People".
Santos, J. (2000). Se não sabe porque é que pergunta?.
Conversas com João Sousa Monteiro. Lisboa. Assírio & Alvim.
Conversas com João Sousa Monteiro. Lisboa. Assírio & Alvim.