terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Homens que são como lugares mal situados

 Homens que são como lugares mal situados

Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem /
Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas /
Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas /
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar

Daniel Faria nasceu a 10 de Abril de 1971 em Baltar, Paredes. Licenciou-se em Teologia na Universidade Católica Portuguesa. A tese foi publicada em 1999: “A vida e conversão de Frei Agostinho: entre a aprendizagem e o ensino da Cruz”. Obteve a licenciatura em Estudos Portugueses, na Faculdade de Letras do Porto (1998).
Recebeu vários  prémios literários relativos a inéditos de poesia e conto. De entre os seus escritos dispersos incluem-se “Oxálida” (1992), “A casa dos Ceifeiros” (1993), “Explicação das árvores e de outros animais” (1998) e “Homens que são como lugares mal situados” (1998).
Colaborou  nas revistas “Atrium”, “Humanística e Teologia”, “Via Spiritus” e “Limiar”. Claramente vocacionado para as áreas da expressão artística, fez memoráveis trabalhos no domínio da encenação. Quando faleceu, a 9 de junho de 1999 era noviço no Mosteiro de Singeverga.

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