Quando se ateia em nós um fogo preso,
O corpo a corpo em que ele vai girando
Faz o meu corpo arder no teu aceso
E nos calcina e assim nos vai matando
Essa luz repentina
Até perder alento
E então é quando
A sombra se ilumina,
E é tudo esquecimento,
Tão violento e brando.
Sacode a luz o nosso ser surpreso
E devastados nós vamos a seu mando,
Nessa prisão o mundo perde o peso
E em fogo preso à noite as chamas vão pairando
E vão-se libertando
Fogo e contemplamento,
A revoar num bando
De beijos tão sem tento
Que não sabemos quando
São fogo, ou água, ou vento,
A revoar num bando
De beijos tão sem tento,
Que perdem o comando
Do próprio esquecimento.
Vasco Graça Moura
https://www.youtube.com/watch?v=XirVW-0jVVE
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