domingo, 12 de março de 2023

SEM MANEJOS DE TROPOS FERRAMENTAS

Sem manejos de tropos ferramentas
Morremos à míngua de vitórias 
Um rio sem memória e eis-nos mortos
Sem léxico. Sem poema. Dor apenas
Pairam as águas na maré vazia
E nem um gesto de ave se ouve ao longe
Há ainda labor mas ao perdê-las
É como se fugissem as estrelas



Escrito na prisão de Caxias.


José Afonso. Textos e Canções. Organização Elfriede Engelmayer. 3ª edição revista. Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000., p. 73

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