domingo, 5 de fevereiro de 2023



Nós somos os homens vazios

Somos os homens de palha

Apoiados uns nos outros

A parte da cabeça cheia de palha. Ai

As nossas vozes foram secas e quando

Juntos sussurramos

São serenas e sem sentido

Como vento em erva seca

Ou pés de ratos sobre vidro partido

Na secura da nossa cave

Molde sem forma, tonalidade sem cor,

Força paralisada, gesto sem movimento;

Os que cruzaram

Com os olhos certeiros, para o outro reino da morte

Lembram-se de nós – quem sabe – não de

Violentas almas perdidas, mas somente

De homens vazios

Homens de palha.


Rui Cóias
“The Hollow Men”, de T.S. Eliot (excerto)

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