segunda-feira, 3 de maio de 2021

O que há-de ser de nós

 Já viajamos de ilhas em ilhas

Já mordemos fruta ao relento
Repartindo esperanças e mágoas
Por tudo o que é vento
Já ansiamos corpos ausentes
Como um rio anseia p'la foz
Já fizemos tanto e tão pouco
Que há de ser de nós?
Que há de ser do mais longo beijo
Que nos fez trocar de morada
Dissipar-se-á como tudo em nada?
Que há de ser, só nós o sabemos
Pondo o fogo e a chuva na voz
Repartindo ao vento pedaços
Que hão-de ser de nós?
Já avivamos brasas molhadas
No caudal da lágrima vã
E flutuando, a lua nos trouxe
À luz da manhã
Reencontramos lágrima e riso
Demos tempo ao tempo veloz
Já fizemos tanto e tão pouco
Que hão de ser de nós?
Que há de ser da mais longa carta
Que se abriu, peito alvoroçado
Devolver-se-á, "Endereço errado?"
Que há de ser, só nós o sabemos
Pondo o fogo e a chuva na voz
Repartindo ao vento pedaços
Que hão de ser de nós?
Já enchemos praças e ruas
Já invocamos dias mais justos
E as estátuas foram de carne
E de vidro os bustos
Já cantamos tantos presságios
Pondo o fogo e a chuva na voz
Já fizemos tanto e tão pouco
Que hão de ser de nós?
Que há de ser da longa batalha
Que nos fez partir à aventura?
Que será que foi
Quanto à quanto dura?
Que há de ser, só nós o sabemos
Pondo o fogo e a chuva na voz
Repartindo ao vento pedaços
Que hão de ser de nós?

Compositores: Ivan Lins / Sergio De Barros Godinho

Sem comentários:

Enviar um comentário

Powered By Blogger