segunda-feira, 17 de março de 2014

Medo

  Ouve o grande silêncio destas horas!
Tens no sorriso uma expressão magoada,
tens lágrimas nos olhos e não choras!
   As tuas mãos nas minhas mãos demoras
numa eloquência muda, apaixonada...
Se o meu sombrio olhar de amargurada
procura o teu, sucumbes e descoras...
   O momento mais triste duma vida
é o momento fatal da despedida.
-Vê como o medo cresce em mim, latente...
   Que assustadora, enorme sombra escura!
Eis afinal, amor, toda a tortura:
- Vejo-te ainda e já te sinto ausente.


Virgínia Vitorino Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 183
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