Abri meu coração de par em par.
Dei-te um jardim de cravos e verbenas...
E quis que fosses rei, e foste apenas
um rei que nunca soube governar.
Fui esfinge para mais te perturbar...
Em altitudes graves e serenas,
fiz perguntas, perguntas às centenas,
- e nunca me soubeste decifrar!
Fui um pouco de todas que conheces,
quis dominar-te eu só, quis que soubesses
como se aprende a amar uma mulher...
Agora gostas doutra, e tanto, tanto!
Foi em mim que aprendeste a achar-lhe o en-
[canto
-E nunca mo soubeste agradecer!
Virgínia Vitorino . Antologia da Poesia Feminina Portuguesa - António Salvado., p. 181