« - Oh, monsieur! Eu tenho a minha teoria: tudo, até aos alicerces. Compreende-me? Converter num deserto este país de canalhas. Temos cento e quarenta milhões de habitantes, mas só dois ou três milhões têm direito a viver. A flor da raça: a literatura, as artes, a ciência. Sou materialista. Os outros cento e trinta e sete milhões, serão convertidos em adubo! Compreende? Nada de superfosfatos, sais de nitrato, salitre! Adubar os campos com milhões de indivíduos! Os mujiks, os rufiões, a canalha rebelde: Todos para a máquina! Uma espécie de grão de café moído. Para reduzi-los a papa! Essa papa, uma vez prensada e seca, será derramada pelos campos, por todos os lugares em que a terra é má. Sobre esses campos assim adubados levantaremos a nova civilização dos eleitos.»
Boris Lavreniov. Uma Coisa Bem Simples. Contos soviéticos. Tradução de Sampaio Marinho. Edições Progresso, 1980, p. 50
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