quinta-feira, 18 de agosto de 2011

XXXV


    Tu brincas comigo com medo de que eu aprenda a conhecer-te com demasiada facilidade.
     Para ocultares as tuas lágrimas, deslumbras-me com as tuas risotas.
     Conheço os teus artifícios.
     Nunca dizes aquilo que quererias dizer.

     Escapas-me por mil maneiras com receio de que te não aprecie.
     Conservas-te sozinha, afastada de todos, com medo de que confunda com a multidão.
     Conheço os teus artifícios.
     Nunca tomas o caminho que quererias tomar.
    
     Tu pedes mais do que as outras e é por isso que tu és silenciosa.
     Com alegre despreocupação evitas as minhas dádivas.
     Conheço os teus artifícios.
     Nunca tomas o que quererias tomar.



Rabindranhath Tagore. O Jardineiro d' Amor. Tradução de António Figueirinhas. Livraria Nacional e Estrangeira de Eduardo Tavares Martins. Porto, 1922., p. 60

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