LA PONCIA
A filha solteira da Librada teve um filho não se sabe de quem.
ADELA
Um filho?
LA PONCIA
E para ocultar a vergolha matou-o e escondeu-o debaixo de umas pedras; mas os cães, com mais coração do que muitas pessoas, deram com ele e, como levados pela mão de Deus, foram-no pôr na soleira da porta. Agora querem-na matar. Trazem-na de rastos pela rua abaixo, e os homens vêm a correr pelos atalhos do olival, dando gritos que fazem estremercer os campos!
BERNARDA
Sim, venham todos com varas das oliveiras e os cabos das enxadas! Venham todos matá-la!
ADELA
Não, não. Matá-la, não!
MARTÍRIO
Sim, e vamos todas ver!
BERNARDA
Que morra a que espezinhou a honra!
(Fora ouve-se um grito de mulher e um grande rumor.)
ADELA
Deixem-na fugir. Não saiam daqui!
MARTÍRO
(olhando para Adela)
Tem de pagar o que fez!
BERNARDA
(debaixo do arco)
Acabem com ela antes que cheguem os guardas! Ponham-lhe carvões a arder no sítio do seu pecado!
ADELA
(deitando as mãos ao ventre)
Não!Não!
BERNARDA
Matem-na! Matem-na!
(Cai o pano.)
Frederico García Lorca. A Casa de Bernarda Alba. Publicações Europa-América, Lisboa, p. 108/9
sábado, 30 de julho de 2011
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