sexta-feira, 22 de abril de 2011

Dejanira

«Há uma sentença antiga entre os homens que afirma não poder a vida humana, até que a morte venha, ser tida como feliz ou infortunada, mas aquela que eu levo - e mesmo antes de ao Hades descer - sei bem que é infeliz e pesada. Quando eu vivia no palácio de meu pai, Eneu, em Plêuron, uma dolorosa angústia quanto às núpcias me assaltou, como a mulher alguma da Etólia. Meu pretendente era um rio, de nome Aqueloo, que sob três formas diferentes me vinha pedir a meu pai: ora se apresentava sob o aspecto de um touro, ora de uma serpente de espirais multicores, ora de um ser humano com cabeça taurina: das suas faces de barba espessa brotavam jorros de água viva. Na expectativa de tal pretendente, eu, triste de mim, ansiava pela morte antes que de um tal leito me aproximasse.»


Sófocles. As Traquínias. Textos clássicos - 18. Introdução, versão do grego e notas de Maria do Céu Azambujo Fialho. 2ª Edição Revista. Coimbra, 1989., p.33

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