sábado, 8 de janeiro de 2011

«Olhavam para as paredes. Em compridas prateleiras de cobre com pátina estavam alinhados frascos que continham espécies simples e medicamentos soberanos. O último frasco de cada fila emitia uma fluorescência compacta. Num recipiente cónico de vidro espesso e corroído, girinos tumefactos rodavam em espiral descendente até atingir o fundo e depois voltavam a subir como uma flecha até à superfície, retomando a rotação excentrada e deixando atrás de si um rasto esbranquiçado de água densa. Ao lado, no fundo de um aquário com vários metros de comprido, o vendedor instalara um banco de ensaio para rãs com órgão de boca, e algumas delas jaziam aqui e além, inutilizáveis, com os quatro corações ainda a bater debilmente.»



Boris Vian. A Espuma dos Dias. Tradução revista, apresentação e notas de Aníbal Fernandes. Relógio D'Água, 2001, p. 116

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