«Outro dia, quando Sandip me acusou de falta de imaginação e afirmou que tal carência me impedia de dar ao meu país uma imagem visível, Bimala concordou com ele. Decidi não dizer nada em minha defesa, porque vencer numa discussão não conduz à felicidade. A divergência de opinião da minha mulher não provém da desigualdade de inteligência e, sim, de dissemelhança de naturezas.
Acusam-me de não ser imaginativo - isto é, segundo eles, tenho óleo no candeeiro, mas não tenho chama. Ora, essa é, precisamente, a acusação que lhes faço. Podia-lhes dizer: «Sois escuros como as pederneiras, precisais de atrito violento e barulho para produzirdes as vossas centelhas: mas as suas chispas desconexas servem apenas para lisonjear o vosso orgulho e não clarificam a vossa visão.»
Rabindranath Tagore. A casa e o mundo. Trad. de Fernanda Pinto Rodrigues. Minerva de Bolso. 1ª ed., 1973, p. 33
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