Pomba Ferida
Pelas rochas oiço-te arquejar,
a caminhar pra cima.
Sobe, não sou cruel,
oh pomba ferida.
Truncaram-te as asas côncavas?
Já não podes abri-las?
Vou, não sou trôpego,
oh pomba ferida!
Com os teus olhos deténs o sol
e páras a brisa.
Vem cá, não sou tardo,
oh pomba ferida!
Em minha boca tua sede aguarda-te,
tua sede que é minha.
Entra, não sou seco,
oh pomba ferida!
Juan Ramón Jimenez. Antologia Poética. Selecção e Trad. de José Bento. Relógio D'Água, 1992, p. 156/7
terça-feira, 3 de agosto de 2010
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