quarta-feira, 27 de novembro de 2024
terça-feira, 26 de novembro de 2024
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
“A IMPOSTURA DA LÍNGUA É PRETENDER QUE SE DIZ O QUE NÃO SE ESTÁ A DIZER”
domingo, 24 de novembro de 2024
'' o voo das garças contra a neve''
José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 373
«Tinha sujidade à volta dos mamilos.»
Yasunari Kawabata. O Som da Montanha. Tradução de Francisco Agarez. D. Quixote., p. 77
''abluções matinais''
Yasunari Kawabata. O Som da Montanha. Tradução de Francisco Agarez. D. Quixote., p. 72
''desilusão carnal''
Yasunari Kawabata. O Som da Montanha. Tradução de Francisco Agarez. D. Quixote., p. 36
sábado, 23 de novembro de 2024
'' o prado em flor''
José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 310
''flores ainda sem nome''
José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 298
''Eu sou contra a segregação, sou contra a marginalização, sou contra o desemprego, sou contra a concentração de renda. Sou contra todas as coisas que não deem possibilidade ao ser humano de se desenvolver normalmente e poder chegar a ser, em estado de pessoa adulta, um ser bom. Em cima disso que está a minha cabeça hoje em dia. Quer dizer, cada dia que passa, mais para perto das pessoas. Tentando auxiliar, sensibilizar. Mostrar que viver vale a pena. Realmente, vale a pena.''
'' desmedidos e vazios''
José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 282
ADÍLIA LOPES
sou a casa-insecto
a mulher-osga
uma colher transformada em faca
para minúsculos riscos
sou uma constante cosmológica
de acelerar galáxias
um telegrama sinfónico
na ausência de tudo
sou a verdade que prefere não sair
do bairro
A RONDA DOS ELEITOS
para aperfeiçoar os ofícios
Apanham pedras e atiram-nas para longe
em silêncio sempre na mesma direção
Os seus cântaros regam o infortúnio
a semente que caiu à beira do caminho
o som vazio do vento
as poças de água onde, às vezes, um peixe se debate
Para si mesmos repetem:
salvam-se apenas os que recusam tudo
até mesmo a salvação
UM CIGARRO A ARDER
José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 246
''O poema devolve o inexprimível.''
José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 200
'' o que dissemos sem uma palavra''
José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 198
«Gosto do modo como as andorinhas esperam.»
José Tolentino Mendonça. A Noite Abre Meus Olhos. 4ª Edição, Assírio&Alvim, Porto, 2021. p. 197
Cisne
Amei-te? Sim. Doidamente!
Amei-te com esse amorQue traz vida e foi doente...
À beira de ti, as horas
Não eram horas: paravam.
E, longe de ti, o tempo
Era tempo, infelizmente...
Ai! esse amor que traz vida,
Cor, saúde... e foi doente!
Porém, voltavas e, então,
Os cardos davam camélias,
Os alecrins, açucenas,
As aves, brancos lilases,
E as ruas, todas morenas,
Eram tapetes de flores
Onde havia musgo, apenas...
E, enquanto subia a Lua,
Nas asas do vento brando,
O meu sangue ia passando
Da minha mão para a tua!
Por que te amei?
— Ninguém sabe
A causa daquele amor
Que traz vida e foi doente.
Talvez viesse da terra,
Quando a terra lembra a carne.
Talvez viesse da carne
Quando a carne lembra a alma!
Talvez viesse da noite
Quando a noite lembra o dia.
— Talvez viesse de mim.
E da minha poesia...
Povo
Povo que lavas no rio,
Que vais às feiras e à tenda,Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem turve o teu ar sadio,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida, não!
Meu cravo branco na orelha!
Minha camélia vermelha!
Meu verde manjericão!
Ó natureza vadia!
Vejo uma fotografia...
Mas a tua vida, não!
Fui ter à mesa redonda,
Bebendo em malga que esconda
O beijo, de mão em mão...
Água pura, fruto agreste,
Fora o vinho que me deste,
Mas a tua vida, não!
Procissões de praia e monte,
Areais, píncaros, passos
Atrás dos quais os meus vão!
Que é dos cântaros da fonte?
Guardo o jeito desses braços...
Mas a tua vida, não!
Aromas de urze e de lama!
Dormi com eles na cama...
Tive a mesma condição.
Bruxas e lobas, estrelas!
Tive o dom de conhecê-las...
Mas a tua vida, não!
Subi às frias montanhas,
Pelas veredas estranhas
Onde os meus olhos estão.
Rasguei certo corpo ao meio...
Vi certa curva em teu seio...
Mas a tua vida, não!
Só tu! Só tu és verdade!
Quando o remorso me invade
E me leva à confissão...
Povo! Povo! eu te pertenço.
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida, não!
Povo que lavas no rio,
Que vais às feiras e à tenda,
Que talhas com teu machado,
As tábuas do meu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem turve o teu ar sadio,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida, não!