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domingo, 31 de janeiro de 2016
"[...] não me importa nada que me critiquem. Exactamente como não me importa nada quando me elogiam. Tanto me faz que uma pessoa me elogie como me censure – eu considero aquilo como uma opinião pessoal e não comparo com coisa nenhuma porque eu próprio não tenho opinião pessoal a meu respeito. Não me sinto nem herói, nem criminoso, sinto que vivo, sinto que sou"
– Agostinho da Silva, Vida Conversável [entrevista de 1985], p.99.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
sábado, 26 de dezembro de 2015
"Se estamos todos muito bem preparados para reclamar liberdade para nós próprios, menos dispostos parecemos para reclamar, sobretudo, liberdade para os outros, ou para lhes conceder a liberdade que está em nosso próprio poder. Se conhecêssemos melhor a máquina do mundo talvez descobríssemos que muita tirania se estabelece fora de nós como se fosse a projecção, ou como sendo realmente a projecção, das linhas autocráticas que temos dentro de nós. Primeiro oprimimos, depois nos oprimem. No fundo, quase sempre nos queixamos dos ditadores que nós mesmos somos para os outros"
"Só sabemos, seguramente, de uma amizade ou de um amor, o que temos pelos outros. De que os outros nos amem nunca poderemos estar certos. E é por isso, talvez, que a grande amizade e o grande amor são aqueles que dão sem pedir, que fazem e não esperam ser feitos; que são sempre voz activa, não passiva"
Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo.
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
"O essencial na vida não é convencer ninguém, nem talvez isso seja possível. O que é preciso é que eles sejam nossos amigos. Para tal, seremos nós amigos deles. Que forças hão-de trabalhar o mundo se pusermos de parte a amizade?"
Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo.
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domingo, 29 de novembro de 2015
''Dizemos que alguma coisa é má apenas porque a nossa visão limitada do mundo a faz aparecer como má, isto é, como oposta ao que seria nosso desejo; as coisas deixarão de ser más (ou boas, como oposto a más), no momento em que transcendermos a nossa visão particular do Universo.''
Agostinho da Silva, Alcorão (1947).
sábado, 3 de outubro de 2015
"Não defendo este partido, nem o outro; se ambos diferem à superfície e podem arrastar opiniões, aprofundemos nós um pouco mais e olhemos o substrato sobre que repousa a variedade; o mundo das formas levanta oposições que se desfazem à luz do entendimento; […]
Que vejo de comum ? O rebanho dos homens, ignorantes e lentos no pensar, que se deixam arrastar pelas palavras e com elas se embriagam; nos mais altos, a fuga das responsabilidades claramente assumidas, a recusa ao sacrifício de tudo ante a ideia, a disposição para manejarem a bondade e o heroísmo dos outros, o imoderado apetite do poder, o ódio cego ao adversário que procuram vencer por qualquer meio; a alimentar o fogo da acção as mesmas confusas noções, as mesmas frases de catecismo branco ou vermelho, os mesmos ritos, as mesmas superstições"
Que vejo de comum ? O rebanho dos homens, ignorantes e lentos no pensar, que se deixam arrastar pelas palavras e com elas se embriagam; nos mais altos, a fuga das responsabilidades claramente assumidas, a recusa ao sacrifício de tudo ante a ideia, a disposição para manejarem a bondade e o heroísmo dos outros, o imoderado apetite do poder, o ódio cego ao adversário que procuram vencer por qualquer meio; a alimentar o fogo da acção as mesmas confusas noções, as mesmas frases de catecismo branco ou vermelho, os mesmos ritos, as mesmas superstições"
Agostinho da Silva, “O Terceiro Caminho”, Diário de Alcestes [1945], in Textos e Ensaios Filosóficos I, pp. 216-217.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
"A única salvação do que é diferente é ser diferente até o fim, com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade; tomar as atitudes que ninguém toma e usar os meios de que ninguém usa; não ceder a pressões, nem aos afagos, nem às ternuras, nem aos rancores; ser ele; não quebrar as leis eternas, as não-escritas, ante a lei passageira ou os caprichos do momento; no fim de todas as batalhas — batalhas para os outros, não para ele, que as percebe — há-de provocar o respeito e dominar as lembranças; teve a coragem de ser cão entre as ovelhas; nunca baliu; e elas um dia hão-de reconhecer que foi ele o mais forte e as soube em qualquer tempo defender dos ataques dos lobos."
Agostinho da Silva, Diário de Alcestes
quarta-feira, 22 de julho de 2015
“12. Conservando todas as tarefas de coordenação que provavelmente sempre serão necessárias, ter-se-á como objectivo da comunidade o enfraquecimento progressivo do Estado, com o máximo de resoluções a nível dos agrupamentos regionais, constituídos por sua vez pela reunião dos menores núcleos populacionais de comum ecologia humana.
13. Terá cada indivíduo como direito e dever decidir por suas próprias convicções, o mais independente que lhe seja possível de grupos, partidos ou órgãos de governo.
14. Deveria ter cada partido como sua obrigação precípua o amplo esclarecimento das ideias que defenda e a sua comparação com as ideias de outros partidos, tendendo, pelo pôr em relevo do que une e não do que separa, à eliminação da hostilidade e ao se próprio desaparecimento como linha de clivagem e como incitador de concorrência”
Agostinho Silva, Proposição (texto escrito a seguir ao 25 de Abril de 1974, com uma proposta de organização política para Portugal), in Dispersos, apresentação e organização de Paulo Borges, Lisboa, ICALP, 1989, 2ª edição, p.603
domingo, 28 de junho de 2015
quarta-feira, 10 de junho de 2015
"A questão portuguesa não é de se falar ou não falar português. É de ser ou não ser à maneira portuguesa, que é ser variadíssimas coisas ao mesmo tempo, e por vezes coisas que parecem contraditórias, e é a possibilidade de tomar um tema e olhar de várias maneiras, conforme o temperamento da pessoa, a época em que viveram, a linguagem de que usavam, a maneira como se sentiam na vida."
Agostinho da Silva, Entrevista
segunda-feira, 8 de junho de 2015
domingo, 7 de junho de 2015
segunda-feira, 13 de abril de 2015
quarta-feira, 25 de março de 2015
"Da cosmogonia helénica […] três ideias se destacam, basilares na formação intelectual do grego: a ideia do esforço como instrumento para atingir a perfeição, a ideia do amor universal, a ideia de ordem; por elas chegará o povo helénico a dominar os mais adversos materiais e a fazê-los exprimir todo o seu pensamento, a criar a harmonia da palavra no verso e na prosa, a estabelecer as leis físicas que regem o mundo; por elas o seu amor se estenderá a toda a Natureza e palpitarão de amor os mármores das estátuas e os versos dos poetas; por elas, finalmente, o grego criará a forma de governo em que se encontram e se fundem – a democracia de Atenas"
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
"Não te poderás considerar um verdadeiro intelectual se não puseres a tua vida ao serviço da justiça; e sobretudo se te não guardares cuidadosamente do erro em que se cai no vulgo: o de a confundir com a vingança. A justiça há-de ser para nós amparo criador, consolação e aproveitamento das forças que andam desviadas; há-de ter por princípio e por fim o desejo de uma Humanidade melhor; há-de ser forte e criadora; no seu grau mais alto não a distinguiremos do amor"
Agostinho da Silva, “Pelos vencidos”, Considerações [1944], in Textos e Ensaios Filosóficos I, p. 112.
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