Russell Edson. O Túnel. Selecção e tradução de José Alberto Oliveira Assírio& Alvim, Lisboa, 2002, p. 51
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domingo, 23 de janeiro de 2011
A eleição do 'compadre' Cavaco Silva, bem que poderia resumir-se a isto...
«Multidões de camponeses que anseiam por democracia, e supostamente estariam a celebrar a morte de um tirano, estão, na realidade, a carregar esse mesmo tirano às costas, declarando-o o salvador do povo.»
O FOGO NÃO É UM CONVIDADO AMÁVEL
Eu era encarregado de um manicómio, pois estava louco.
Chegou um fogo, que ficou esfomeado; por isso eu disse podes comer um toro, mas não subas as escadas e não comas uma dementia praecox.
Eu disse, doidos, ide para o sótão enquanto um fogo come uma cadeira de cozinha ao pequeno-almoço.
Mas o fogo queria uma cortina da cozinha, que comeu e trepou ao mesmo tempo, e depois foi para o tecto comer um caibro.
Eu disse, se tens tanta fome come um caibro, mas não comas um maníaco.
Entretanto, um maníaco no sótão, com um machado, começou a atacar o céu.
Vais provocar chuva, é o que vais fazer, disse eu, feri-lo até que chova.
O fogo, estava a comer uma senhora idosa. Eu disse, uma senhora idosa, vá lá, e uma criança para sobremesa.
Eu disse ao fogo que podia dormir a sesta na cama do maníaco. Mas o fogo queria comer a cama. Estás muito esfomeado, fogo, disse eu.
Mas, por essa altura toda a família do fogo já tinha entrado e estava a comer os cantos do manicómio - Eh, é aí onde os mortos construíram as suas cidades.
Mas os fogos não queriam ouvir porque não gostam de passar fome.
Por isso pedi aos lunáticos que saíssem do sótão e disse-lhes que era uma guerra de nutrição, e que deviam comer o fogo senão ele os comeria.
Mas eles disseram, nós não somos comedores de fogo, somos engolidores de espadas...
Russell Edson. O Túnel. Selecção e tradução de José Alberto Oliveira Assírio& Alvim, Lisboa, 2002, p. 19-21
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«Todas as mulheres da casa observam pelas janelas, esperando para ver o que farei.
Pai, observa o orvalho nas suas rodas, não te recorda lágrimas?
Irás destroçar o meu coração enquanto as mulheres vigiam, quase esperando que eu ceda? pois elas anseiam pela vítima que me seria amável entregar.»
Russell Edson. O Túnel. Selecção e tradução de José Alberto Oliveira Assírio& Alvim, Lisboa, 2002, p. 13-15
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The Difficulty with a Tree
A woman was fighting a tree. The tree had come to rage at the woman’s attack, breaking free from its earth it waddled at her with its great root feet.
Goddamn these sentiencies, roared the tree with birds shrieking in its branches.
Look out, you’ll fall on me, you bastard, screamed the woman as she hit at the tree.
The tree whisked and whisked with its leafy branches.
The woman kicked and bit screaming, kill me kill me or I’ll kill you!
Her husband seeing the commotion came running crying, what tree has lost patience?
The ax the ax, damnfool, the ax, she screamed.
Oh no, roared the tree dragging its long roots rhythmically limping like a sea lion towards her husband.
But oughtn’t we to talk about this? cried her husband.
But oughtn’t we to talk about this, mimicked his wife.
But what is this all about? he cried.
When you see me killing something you should reason that it will want to kill me back, she screamed.
But before her husband could decide what next action to perform the tree had killed both the wife and her husband.
Before the woman died she screamed, now do you see?
He said, what...? And then he died.
Russell Edson, “The Difficulty with a Tree”© Source: The Clam Theater (Wesleyan University Press, 1973)
Goddamn these sentiencies, roared the tree with birds shrieking in its branches.
Look out, you’ll fall on me, you bastard, screamed the woman as she hit at the tree.
The tree whisked and whisked with its leafy branches.
The woman kicked and bit screaming, kill me kill me or I’ll kill you!
Her husband seeing the commotion came running crying, what tree has lost patience?
The ax the ax, damnfool, the ax, she screamed.
Oh no, roared the tree dragging its long roots rhythmically limping like a sea lion towards her husband.
But oughtn’t we to talk about this? cried her husband.
But oughtn’t we to talk about this, mimicked his wife.
But what is this all about? he cried.
When you see me killing something you should reason that it will want to kill me back, she screamed.
But before her husband could decide what next action to perform the tree had killed both the wife and her husband.
Before the woman died she screamed, now do you see?
He said, what...? And then he died.
Russell Edson, “The Difficulty with a Tree”© Source: The Clam Theater (Wesleyan University Press, 1973)
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The Unforgiven
After a series of indiscretions a man stumbled homeward, thinking, now that I am going down from my misbehavior I am to be forgiven, because how I acted was not the true self, which I am now returning to. And I am not to be blamed for the past, because I’m to be seen as one redeemed in the present...
But when he got to the threshold of his house his house said, go away, I am not at home.
Not at home? A house is always at home; where else can it be? said the man.
I am not at home to you, said his house.
And so the man stumbled away into another series of indiscretions...
But when he got to the threshold of his house his house said, go away, I am not at home.
Not at home? A house is always at home; where else can it be? said the man.
I am not at home to you, said his house.
And so the man stumbled away into another series of indiscretions...
Russell Edson, “The Unforgiven,” in The Wounded Breakfast © 1985 by Russell Edson and reprinted by permission of Wesleyan University Press.
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''O riso foi sempre próprio dos deuses, porque se supõe que eles conhecem não só o nosso desamparo, como o desamparo que lhes é próprio - ou como, noutra ocasião, escreveu Edson «o sentido de humor é o verdadeiro sentido do trágico».''
Russell Edson. O Túnel. Selecção e tradução de José Alberto Oliveira Assírio& Alvim, Lisboa, 2002, p. 7
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